Conversando com Augusto Cury
O escritor sugere mudanças nas atitudes de pais e mestres.
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por Deborah Dubner
“É no anonimato que nós desempenhamos a mais bela lição do traçado de nossa história”.
Assim começou a palestra do médico, psiquiatra, pesquisador e escritor Augusto Cury, que tem mais de 15 milhões de livros vendidos no Brasil e no mundo.
Cury se curvou diante dos 700 educadores presentes no evento de abertura do ano letivo de Porto Feliz, agradecendo a presença e enaltecendo a profissão do professor. Com genuína humildade, ele questionou o culto a celebridades, deixando claro que ninguém é melhor do que ninguém: “Todos os seres humanos têm brilho. O que precisamos é de professores que façam a diferença, que influenciem e eduquem com sensibilidade, altruísmo e generosidade. Afinal, não existe nada mais nobre do que ser apenas e simplesmente um ser humano.”
As perguntas mais difíceis
O que somos? Quem somos? Essas perguntas são as mais difíceis de responder. Filósofos, escritores, médicos e poetas circulam por estas questões da existência humana, mas alcançam uma compreensão limitada sobre o grande mistério da vida.
Na visão de Cury, o professor deve ser capaz de estimular seus alunos a fazerem a viagem mais difícil: para dentro de si mesmos.
Emoção: o pulsar da aprendizagem
O que é essencial para aprender? O que as escolas estão ensinando?
“Professores são poetas da vida, mas o sistema está doente porque tem gasto anos estimulando o córtex cerebral com funções equivocadas. O ensino tem estimulado erroneamente o uso da memória como depósito de informação. Mas ela deve servir como base da intuição, promovendo interação, capacidade de se colocar no lugar do outro e ensinando a proteger a nossa emoção”, alertou o pesquisador.
E o que seria proteger a emoção? “A indústria de seguros estimula contratos de seguro de imóveis, automóveis e tantos outros, mas não aprendemos a assegurar o território mais importante, que é a nossa emoção”, afirmou Cury. Ilustrando a palestra com casos reais, ele passou conceitos práticos dos ensinamentos essenciais: não discriminar, pois é uma atitude desumana; aprender a doar-se sem esperar a contrapartida; aprender a lidar com decepções, pois elas são inevitáveis; aprender a pedir desculpas sempre que errar; não manter a posição de estar sempre certo; cultivar a arte da dúvida; cultivar a arte da crítica.
Dicas simples e profundas para pais e mestres
- Um educador que quer ser grande tem que se fazer pequeno, fazer de cada aluno um ser especial e não um número.
- Uma das maiores armadilhas do intelecto é ter a necessidade neurótica de estar sempre certo. Desista! Conte suas histórias, mostre sua vulnerabilidade e seja humano.
- Cinco segundos podem mudar uma vida para o bem ou para o mal. Pense antes de reagir. Fique no silencio antes de proferir palavras e atos que podem humilhar uma pessoa.
- Elogiem publicamente e critiquem em particular. É possível treinar essa atitude!
- Não seja um manual de ética certo X errado. Aprenda a abrir o portfólio de sua vida, chorando suas lágrimas para ensinar seus filhos a chorarem as deles.
- Ensine que a vida não é um céu sem tempestade, nem um caminho sem acidentes.
- Os verdadeiros heróis são aqueles que reconhecem sua vulnerabilidade, sabem que erram e podem aprender com suas mazelas.
- Ensinem seus filhos e alunos que eles têm um EU, que o EU é muito mais do que um simples pronome.
- Os fracos excluem, os fortes abraçam. Os fracos criticam excessivamente, os fortes dizem “eu acredito em você”.
Pequenas Grandezas
Admirar o belo, apreciar as coisas simples da vida, olhar cada ser humano como um brilho em potencial. Acolher, ouvir, aprender a compartilhar emoções, aceitar e reverenciar a própria humanidade e das pessoas ao nosso redor. São pequenas grandezas, porque estão ao alcance de nossas mãos e geram resultados extraordinários. Aperte o botão de partida e boa viagem!