Publicado: Terça-feira, 29 de setembro de 2009
O que você quer ser quando crescer?
Na hora de decidir, muitos jovens ainda têm dúvidas.
Camila BertolazziPor Camila Bertolazzi
Desde criança estamos acostumados a ouvir a clássica pergunta: “O que você quer ser quando crescer?”. As respostas não variam muito. Para os meninos é médico, veterinário ou bombeiro, e entre as meninas a preferência é professora. Já na adolescência, esta pergunta possui uma dose de tensão e responsabilidade, e nem sempre a resposta está na “ponta da língua”.
Para alguns jovens, o grande problema é que ainda é cedo para tomar essa decisão, sem uma orientação consistente. E muitas vezes escolhem carreiras influenciados pela mídia, para satisfazer o desejo dos pais, ter retorno financeiro, sucesso ou status. Para facilitar na hora dessa difícil escolha, algumas escolas incluíram na grade curricular, matérias direcionadas a orientar os alunos. Testes vocacionais também são bastante utilizados no processo. Mas nem sempre isso é suficiente.
A estudante Letícia Raquel Gatto, de 18 anos, fez acompanhamento com duas psicólogas, mas ainda não está certa sobre seu futuro. “Passei por um processo difícil e demorado, e continuo não tendo cem por cento de certeza se é isso que eu quero fazer, mas o fato é que eu precisava fazer uma escolha, e dentre as opções que eu tinha, eu tomei essa decisão”. Depois de não passar em jornalismo, Letícia tentará direito no ano que vem.
O contato com profissionais das áreas de interesse pode facilitar na hora de tomar essa decisão. Por isso, as recém criadas feiras de profissões - espaços nos quais convidados, já inseridos no mercado, conversam com o público-alvo e tentam esclarecer como é a dinâmica do trabalho que desenvolvem – está cada vez mais presente nesse processo.
A psicóloga Gilvanise Gulicz Vial salientou, em entrevista ao Portal Fator Brasil, que “é fundamental que ele [o aluno] pesquise o que faz tal profissional, como é sua rotina, com o que trabalha, em que tipo de ambiente, que retornos o profissional tem, quais os pontos altos e baixos de tal profissão, que instituições oferecem o curso, que matérias são estudadas durante o curso, se existe mercado para este tipo de profissional na sua cidade. E principalmente, o adolescente deve se perguntar: ‘o que esta profissão tem a ver comigo? É isso que quero fazer todo dia, o dia todo?’”.
Apesar de tantas informações e dos recursos disponíveis, o nível de incerteza entre os jovens parece continuar. Essa é a conclusão apontada numa pesquisa recente feita pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) que ouviu cerca de 8 mil jovens para os quais fez a seguinte pergunta: você tem dúvidas sobre qual carreira escolher? Mais de 5 mil, o equivalente a 62% dos entrevistados, responderam que sim.
O terapeuta ocupacional Mario Cesar Guimarães Battist afirma que antes de tomar qualquer decisão é precisão estar atento a três fatores importantes: oportunidade, valorização social e habilidade. “Muitas vezes a vocação surge diante de uma oportunidade, aquela velha história de estar no lugar certo, na hora certa”. E completa: “Também é preciso levar em consideração a valorização que a sociedade dá a determinadas carreiras como medicina, direito e engenharia”.
A participação da família nessa escolha também é muito importante. “É fundamental que a família participe desse momento, não impondo, mas compartilhando dúvidas, reflexões e questionamentos”. Segundo o terapeuta, é necessário que o jovem enfrente conflitos ocasionados pelos desejos dos pais, que desde pequenos planejavam outro futuro para os filhos. “Esses conflitos servirão para dar certeza da escolha, pois sem contraponto não tem valor”.
Mas se ainda restam dúvidas, o terapeuta aconselha: “Minha dica é que os jovens indecisos estudem para a profissão mais concorrida, pois só assim estariam preparados para qualquer escolha”. A jovem Letícia está seguindo esse caminho. “Ano passado prestei duas faculdades, e não fui admitida. Tomei ciência de que independente do curso eu não estava preparada para fazer aquelas provas, e percebi que se eu quisesse - e eu quero - fazer uma boa faculdade, eu teria que estudar mais”.
Toda escolha tende a ser bem sucedida se for acompanhada de muita dedicação, comprometimento e estudo. Nenhuma profissão, por si só, pode trazer realização e felicidade. É preciso conjugar a realidade do mercado, as metas da família e principalmente os seus sonhos.
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