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Publicado: Quarta-feira, 10 de junho de 2009

Ciúme faz bem, mas use com moderação!

Conheça o lado positivo e negativo desse sentimento!

Por Camila Bertolazzi
 
O poeta Chico Buarque descreve na música “Mil perdões” um sentimento presente em todos os casais: o ciúme.

Camila Bertolazzi / www.itu.com.br


“Não existe relacionamento sem ciúmes”, afirma a psicóloga Nurimar Soares de Almeida. Para a especialista, esse sentimento apresenta caráter instintivo, marcado pelo medo - real ou irreal - de perder o espaço conquistado, e está presente na dinâmica familiar e do casal. “O ciúme pode ser o tempero da relação, mas muitas vezes é confundido com o sentimento de posse e pode provocar brigas”.
 
Infelizmente em alguns casos o ciúme ultrapassa o limite da sensatez e vira caso de polícia. “O argumento é sempre o mesmo: ‘se você não for ser minha não será de mais ninguém”’, conta a delegada Ana Maria Gonçales Sola, da Delegacia da Mulher de Itu.
 
Números obtidos com exclusividade pela equipe do Itu.com.br mostram que em 2008, 526 mulheres registraram boletins de ocorrência, sendo que 182 afirmaram estar sendo ameaçadas e, 181 sofreram lesão corporal dolosa. Já nos cinco primeiros meses desse ano, foram registrados 273 boletins.
 
De acordo com a delegada, a mistura do ciúme com o álcool e a baixa condição social é um agravante para a relação. “O homem desempregado se sente em condição inferior, e qualquer coisa é motivo para achar que está sendo traído. Se a mulher trabalha o sentimento de inferioridade é ainda maior”, salienta Ana Sola.
 
Em pleno século XXI o machismo ainda é facilmente encontrado nas famílias brasileiras. “O homem não admite ser traído e muitas vezes ele agride e mata alegando algo que é fruto da imaginação. Um exemplo clássico é quando a mulher perde o ônibus e chega mais tarde em casa”, conta a delegada.
 
Apesar de ter sido criada para proteger e dar assistência à mulher vítima de violência, a Delegacia da Mulher de Itu tem recebido muitas denúncias opostas, ou seja, do homem contra a parceira. “Muitas mulheres não aceitam a separação e perturbam o companheiro; vão até o emprego dele, querem prejudicá-lo, sem pensar nas consequências futuras, como o não pagamento da pensão”, explica Beatriz Spinosa, Assistente Social da Delegacia da Mulher.

Segunda a Dra. Nurimar, esse tipo de situação acontece porque em casos extremos o ciúme afeta a própria personalidade. “Quando chega a esse ponto, o convívio torna-se intranquilo e cheio de desconfiança, pois surge a sensação de ter perdido um espaço conquistado”, explica.
 
O estudante de Engenharia de Controle e Automação, Guilherme Rangel de Oliveira, de 20 anos, conta que sempre evitou o ciúme para não atrapalhar a relação a dois, mas descobriu que a falta dele também não é nada bom. “Eu realmente não sentia muito ciúme, era muito liberal e nem me importava quando ela saia sozinha com os amigos, mas acho que isso foi o fator determinante para o fim do nosso namoro”, desabafa.
 
Deborah Dubner, psicóloga e diretora do site Itu.com.br, afirma que ciúme de mais ou de menos atrapalha, bom mesmo é senti-lo na medida certa. "Um pouco de ciúmes é refrescante, mostra que a gente se importa com o parceiro. Mas ciúme demais atrapalha, adoece, tira o brilho do casal. Não acho nada saudável, porque é muito importante ter um relacionamento baseado na confiança”. E alerta: “Ciúmes demais é confiança de menos".

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