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Publicado: Sexta-feira, 15 de julho de 2011

Roqueiros invadem o Carmo em noite da "reviravolta"

Evento contou com a apresentação de quatro bandas locais.

Crédito: Murilo Roosch Roqueiros invadem o Carmo em noite da "reviravolta"
Ruan Yagami: guitarrista e vocalista da A Topera

Por Renan Pereira

Depois de muito tempo excluído dos eventos públicos por falta de interesse do setor cultural, o gênero musical mais amado do mundo está de volta a Itu. Dezenas de roqueiros tiraram seus casacos do armário e saíram de suas casas na noite de quinta-feira (15 de julho), rumo à Praça do Carmo, para acompanhar a apresentação de quatro bandas independentes na Noite do Rock – evento que integra a programação oficial do Festival de Artes de Itu.

Habituados à monotonia interiorana e aos recorrentes shows de qualidade duvidosa que ocorrem no município, fãs da cultura alternativa aprovaram o evento e elogiaram a programação do festival, que chega neste ano à décima oitava edição. O mérito fica por conta dos próprios integrantes das bandas, que se esforçaram para conseguir espaço no projeto, e do flexível secretário da Cultura de Itu, Jonas Soares de Souza, que desde que assumiu o cargo tem se mostrado realmente interessado em desenvolver este setor no município.

Apresentações

As apresentações tiveram início por volta das 19h30, momento em que os integrantes do quarteto Vespa Negra subiram ao palco e experimentaram os primeiros acordes distorcidos. O grupo é formado por integrantes experientes, que vieram de outras bandas locais, e faz um som transparente e livre de rótulos. A pegada se aproxima de bandas gringas dos anos 70, mas entre as influências estão também grandes nomes da música nacional, como Raul Seixas, Mutantes e Elis Regina. Se em determinados momentos o som da Vespa soa mais sintético e tradicional, em outros, o espírito psicodélico e o ambiente sabático tomam conta dos músicos.

O Desapego

O show mais surpreendente da noite aconteceu minutos depois, quando os sintonizados integrantes do Verrina – formada por Sergio Christo (guitarra/voz) e Lalo Ferrari (bateria)- acionaram os amplificadores e fizeram o que muitas bandas por aí não conseguem nem com dez músicos: muito barulho. E barulhos dos bons! Letras poéticas e berradas, guitarras sujas e improváveis aliadas a uma bateria esmagadora fazem do Verrina uma das grandes promessas do rock independente na região – mesmo com o pouco tempo de estrada.

A dupla (que se recusa a usar baixo) aposta nos contratempos musicais e desponta de uma sintonia de fazer inveja a qualquer jazzista de plantão. Destaque para “Ensaio Sobre o Desapego”, que chocou muita gente (para o bem ou para o mal). Para quem perdeu, segue um trecho da letra de consolo.

     O desapego é ouro, é droga, é magoa mais egocentrismo
     Ódio mais solidão
     O desapego é o medo do sim, o medo do talvez, e o medo do não
     É fraqueza e covardia
     É quem não estende a mão
     É fingir plenitude à miúde de um novo sermão
     Dessa geração saúde (fui feliz o quanto pude)
     Não poupo o meu coração

Holiday Nice

Embora fuja um pouco ao meu estilo, o som da Holiday Nice é empolgante e faz jus ao nome que carrega. Com letras irônicas e um som embasado no pop-punk/hardcore noventista, o grupo já conta com um bom tempo de estrada e agrada bastante por onde passa. Ao ouvir o som dos caras, é quase que impossível não se lembrar de referências destes gêneros, como New Found Glory e Blink 182, mas sem desmerecer a originalidade da banda. O trio – que tocou com o baterista do Verrina improvisamente – fez um show muito bom tecnicamente e agitou tanto que poderia colocar pra dançar até o mesmo o mais deprimido dos deprimidos da noite - se é que havia. Destaque para o timbre e pegada do baixo tocado por Felipe Cipriano, que em alguns momentos lembra o do Green Day nos anos 90. 

Pra beber mais uma dose!

Quem nunca bebeu dessa dose não sabe o que está perdendo. A banda mais aguardada da noite, a A Topera (se escreve assim mesmo), subiu ao palco quando o relógio já apontava quase 10 horas e fez bonito. Tentar descrever/rotular o som do grupo aqui, no entanto, resultaria em mera frustração da minha parte, e da vocês também. A Topera – fundada originalmente como EL Topo - é o tipo de banda que você deve apenas ouvir, sem se importar com o que está por vir no amanhã. As influências musicais são inúmeras e os sons são repletos de climas e atmosferas diferentes, passando pelo blues, jazz e rock de garagem noventista - sem deixar de lado, é claro, o toque especial de música brasileira.

O show, um dos melhores que já assisti da banda, contou com cerca de uma hora de apresentação. As músicas tocadas pelo grupo fazem parte da demo “Sete Colheres”, gravada de forma totalmente independente no início do ano. Destaques para “Sem raça”, que deu início à festa, “Nosferatu” e para as já consagradas "Aconteceu de novo" e “Blues do Vagabundo”, que (cá entre nós) são as minhas preferidas também. A Topera é formada por Cadu Scalet (guitarra/voz); Ruan Yagami (guitarra/voz); Allan Roosch (baixo/voz) e Kauê Dueñas (bateria).

PROGRAMAÇÃO ROCK

Nos próximos dias, acontecerá uma série de eventos rock and roll na cidade. O projeto é coordenado pelo Coletivo Roda Torta - que tem o objetivo de difundir e levar a música independente à população de forma alternativa. Mais informações sobre os shows e horários acesse www.rodatorta.com.br

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