Que escola você quer para o seu filho?
por Deborah Dubner |
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Escolher uma escolha para os filhos é uma das mais difíceis tarefas dos pais. Afinal, nos tempos atuais, a escola é muito mais do que um local para aprender. Ela é a continuidade do lar, o espaço de convivência, o berço das amizades, a promessa de futuro. Para pais de crianças pequenas, a preocupação é com a primeira experiência, cuidado e afeto. Para pais de crianças maiores, já começam as preocupações com a alfabetização, relacionamentos, preparo intelectual e emocional. Para pais de adolescentes, a complexidade aumenta, na medida em que é necessário zelar pela segurança, amizades e principalmente pela inserção do “quase adulto” no universo da responsabilidade e do comprometimento. Seja qual for a idade e a escola, os valores, a integridade e a convivência fazem parte do topo da lista de atenção dos pais, além do preço e da localização.
Outra grande preocupação para os pais é a metodologia de ensino encontrada nas escolas. Tendo um papel fundamental na formação dos filhos, cabe aos pais escolherem qual linha pedagógica melhor se encaixa com a proposta que acreditam e desejam nessa formação. Afinal, há escolas construtivistas, outras mais tradicionais, escolas que enfocam o vestibular, outras que enfocam o cidadão. Há escolas que privilegiam o ser, outras que estimulam a criatividade, outras que preferem o ensino mais forte e há aquelas que investem mais no ambiente e no relacionamento. Há escolas com espaços amplos, outras menores e aconchegantes, algumas com enfoque na tecnologia, outras com enfoque no ser humano. E aos pais cabe a difícil tarefa de entender o que significa cada uma, informar-se, checar o discurso e a prática de cada escola e finalmente... escolher!
Existem várias metodologias de ensino. As principais são a tradicional, a construtivista, a Waldorf e a montessoriana. Cada uma com suas características e sempre com um objetivo: fazer com que o aluno aprenda e desenvolva seus potenciais. Para Paula Salvador, coordenadora geral do Colégio Almeida Junior, não é tarefa simples definir metodologias específicas: "Parto do princípio que há necessidade de saber o que se faz, para quê e por quê. A metodologia a escola desenvolve de acordo com seus princípios, valores, crenças e visão/concepção de mundo, de sociedade e de ser humano. Mais do que métodos, considero importante falar de educação, de aprendizagem e do papel que as escolas têm em nossa sociedade. Dentro desse contexto, aí sim falar de métodos, ou de como cada escola faz para atingir os objetivos educacionais para o século XXI. Esse é o compromisso!" - finaliza.
Escola: amá-la ou não?
No livro “Fomos Maus Alunos” (DIMENSTEIN, Gilberto; ALVES, Rubem. Fomos maus alunos, Ed. Papirus, 2003), o autor Gilberto Dimenstein, jornalista e educador, afirma que o aluno não acredita nas coisas que se diz, mas sim no exemplo que ele vê. Einstein era mau aluno, foi reprovado em matemática. Hegel (Friedrich Georg Hegel, filósofo alemão) tinha no verso do diploma a observação “fraco em filosofia”. Se os gênios de hoje foram maus alunos no passado, da mesma forma que Dimenstein neste livro afirma ter sido, o que há de errado nas escolas? Acontece que as escolas não costumam ser atraentes. Não adianta o professor ensinar a regra de como utilizar a vírgula, se não explicar qual a utilidade e qual significado aquilo pode trazer. A curiosidade é o motor da aprendizagem, e muitas vezes a escola acaba com esta curiosidade. A informação dada não deve somente aumentar a instrução. Ela deve ser “descoberta” pelo aluno, pois só assim adquire significado para ele. Pelo menos é esta a leitura que Dimenstein faz da atual educação.
E o vestibular, como fica? Para o educador e escritor Rubem Alves, co-autor do livro citado acima, o Vestibular é um dos grandes vilões da educação, pois faz com que os jovens se interessem apenas pelo que vai “cair na prova”. Alves é ousado: sugere acabar com o vestibular e colocar sorteio no seu lugar. Parece um tanto utópico, mas o aluno no término do colegial se preocupa sempre em saber qual alternativa é a correta. Muitos destes alunos que passam em primeiro lugar nos mais concorridos vestibulares, como afirma Rubem neste livro, são os piores alunos do curso. Isso porque eles aprendem que sempre há uma resposta certa pra cada pergunta, esquecendo o leque de possibilidades que pode encontrar sobre o assunto. O aluno desaprende a pensar, se esquece que cada tema pode ser contextualizado e faz de uma única escolha, um padrão, um costume e um modelo a ser seguido. Por esses motivos, Rubem Alves é contra o vestibular e criou a teoria de sorteio.
O começo
Mas até chegar à corrida fase do vestibular, são muitas as etapas anteriores. O primeiro contato com o ambiente escolar ocorre no início da vida. Nesse sentido, o papel da escola é de suma importância, já que será o espaço onde a criança vai vivenciar e registrar suas primeiras experiências significativas longe de casa. Auto-confiança para vencer novos desafios é a base para sua futura entrada no mundo simbólico. E é o ambiente escolar que fará a diferença. Como? Através do contato com as crianças, com os pais, na interação entre a coordenação e professores, nas propostas e ações pedagógicas e principalmente, nas mensagens e ensinamentos que são passados através do que a criança vivencia. A escola deve estar ao lado para orientar e fazer com que a curiosidade do aluno, que cada vez mais está a flor da pele, não se esvazie por causa das dificuldades. O universo escolar, das informações e das letras deve ser referência para as descobertas.
Existem várias dicas para ajudar na iniciação da vida escolar, como por exemplo, oferecer desde cedo um acervo de livros com textos e ilustrações, contar histórias, deixar que a criança desenhe à vontade.
Essas pequenas iniciativas fazem com que a criança tenha mais recursos para solucionar suas dúvidas, buscar respostas. No entanto, não há nada melhor do que a compreensão para o incentivo aos estudos. Não somente porque o aluno deva tirar boas notas, mas principalmente para que ele não perca a paixão pelo conhecimento, ainda no começo da vida. |