Futebol feminino: equipes de Itu dão show de bola e de atitude
Conheça o Club das Mulheres, que une esporte e amizade!
Jéssica Ferrari
Por Jéssica Ferrari
Sentar no sofá da sala para assistir a jogos de futebol já deixou, há tempos, de ser um hobby apenas dos homens. E a paixão de muitas mulheres pelo esporte sai da torcida e entra em campo, com direito a show de bola e de muita atitude. E por falar em atitude, a maior representante do Brasil neste quesito é a atacante Marta, eleita cinco vezes consecutivas a melhor jogadora do mundo pela FIFA. Suas jogadas impressionam pela habilidade e suas palavras, pela humildade. Características que fazem dela uma grande inspiração para qualquer jogadora.
Diante da enorme diferença de visibilidade para com o futebol masculino, as equipes formadas por mulheres no país raramente ganham o destaque que merecem, nem têm o patrocínio adequado para montar estruturas de clubes profissionais. Mas, nem por isso elas deixam a bola parar e seguem competindo pelo amor ao esporte. A falta de grande destaque também não é motivo para diminuir o número de adeptas à atividade, que cresce a cada dia entre as brasileiras. O que vem aumentando também são os fãs delas, reconhecimento do trabalho em busca de respeito e espaço. Uma prova disso foi o apoio da torcida nos Jogos Olímpicos deste ano, que mesmo na derrota ainda assim soube celebrar o esforço feminino.
Em Itu, onde muitas vezes a Seleção Brasileira Feminina de Futebol se concentra antes de competições, muitos grupos se formam através da amizade e do gosto pelo esporte, gerando pequenos campeonatos e amistosos. Seja na areia, quadra ou no gramado as mulheres por aqui estão calçando as chuteiras, driblando qualquer preconceito e fazendo um golaço para o empoderamento feminino. E temos muita habilidade e talento, como no caso da equipe feminina de futsal da Secretaria Municipal de Esportes, que possui conquistas como o tricampeonato da Copa TV TEM de Futsal, a taça da 57º Torneio Aberto de Futsal “Cruzeirão 2016” e o segundo lugar na Copa Record de Futsal Feminino 2016. Com os bons resultados, o técnico Edson Corsi e algumas atletas da equipe de Itu foram convocados para integrar a Seleção Brasileira de Futsal Feminino.
Ainda que os confrontos e a profissionalização não sejam o foco para muitas, e mesmo que o nível de técnica não seja comparável a de grandes equipes, o que as mulheres querem mesmo é poder jogar futebol e ponto. Demonstrar este amor que muitas vezes já nasce com elas, e a capacidade que possuem de brilhar em campo, destacando este esporte que é a cara do Brasil. E tem homem que entende muito bem esse sentimento, prestigiando e ajudando no crescimento da modalidade, como no caso de Willian Valeriani. Em seu primeiro campo society, ele abriu um horário exclusivo para que a mulherada pudesse praticar. O convite reuniu um pequeno grupo, que aos poucos aumentou e criou uma forte amizade.
Quando o empresário inaugurou um novo espaço em 2015, o Ellite Soccer, ele levou junto o carinho pelas meninas e novamente abriu as portas para que elas continuassem a jogar. “Em Itu há um déficit de apoio ao futebol feminino. Eu abri uma brecha e elas abraçaram. Hoje estou muito feliz”, conta ele sobre o sucesso da iniciativa. E foi assim, de jogo em jogo, que começou a nascer o Club das Mulheres (CDM). Nem todas do primeiro local acompanharam a mudança, mas quem seguiu viu aflorar um time diferente, que naturalmente foi se criando e fortalecendo. “Todo mundo começou a se chamar, começaram a aparecer meninas e crescer o grupo. A gente chegou a ter mais de 30 para jogar. Deu muito certo”, conta a designer gráfica Ana Lívia Arruda que ajudou a dar sequência aos jogos. Para ela, que pratica futebol desde pequena ao lado de sua irmã mais nova, a união é o motivo do sorriso de todas.
O grupo se encontra uma vez por semana, toda terça-feira no começo da noite, e é integrado por mulheres de todas as idades. A cada nova partida são formados novos times, escolhidos conforme a chegada em campo, possibilitando assim um rodízio e reforçando a ideia de coletividade entre elas. Mas, como em qualquer time, essa harmonia de vez em quando é quebrada por pequenas discussões. Nada que um belo lance ao gol não faça tudo voltar à paz. Afinal, o que elas gostam mesmo é de vibrar umas pelas outras. “Eu torço para todas. Quando a gente vê que uma pessoa está evoluindo, que faz uma boa defesa ou chute, não importa em que time ou lado ela esteja, o importante é saber do crescimento dela. E isso é o diferencial, é o que mantém o grupo junto”, conta Ana Lívia.
E a alegria do CDM já se espalhou pela cidade, conseguindo patrocínio para a confecção de uniformes. E até na escolha das cores, para combinar com o belo escudo do time, o que reinou foi a camaradagem. Assim, o grupo dividiu-se em dois modelos: algumas de azul marinho e verde limão e outras de azul marinho e pink. E a estreia dos novos uniformes, que coloriu ainda mais os jogos delas, ocorreu recentemente em uma animada partida na Associação Atlética Ituana, no dia 10 de setembro. Como em todo bom “jogo de comadres”, o confronto terminou no empate de 9 a 9.
Tal mãe, tal filha
Já imaginou disputar a bola com sua mãe? Para a jovem aprendiz, Elaine Dopfer Schmitz, esse privilégio de ter alguém tão especial para compartilhar os momentos divertidos em campo vem desde os tempos da infância e voltou a se repetir quando as duas descobriram o Club das Mulheres. Juntas, elas se divertem e aproveitam para estreitar os laços de afeto. “Nós somos muito companheiras”, afirma Elaine que garante não ter ciúmes de dividir essa relação com as amigas. Leia mais!
Um incentivo especial
No CDM o carinho da família está no campo e na torcida. Muitas meninas podem contar com a presença dela nos jogos, um incentivo especial para que caprichem ainda mais nas jogadas. Esse é o caso da gerente comercial Carla Fiori, que a cada lance ouve o filho de três anos e meio comemorar. O marido, que já foi jogador profissional, também sempre a acompanha e cuida do pequeno enquanto ela joga. “É diferente você vir e deixar ele em casa, de você trazer e ele ficar gritando ‘vai mãe’”, conta ela orgulhosa. Leia mais!
Craques!
E falando em boas jogadas, o Club das Mulheres conta com duas jogadoras que são craques no assunto. Ana Paula da Silva, que sempre foi fã de esportes, leva o futebol a sério e destaca o companheirismo como principal benefício da prática. “Eu criei muita amizade neste vínculo. Foi a melhor coisa que aconteceu”, conta a auxiliar de cozinha sobre o grupo. Para sua companheira Bruna Gonçalves, o mais legal das terças-feiras é ver todas reunidas, jogando e brincando. “A gente ama estar aqui com a galera. É bacana ver mãe jogando bola, mulheres que são casadas e tem filhos. Isso que a gente vê no esporte, todo mundo reunido”, explica. Leia mais!