Publicado: Segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Bastardos Inglórios
Leia a crítica da mais nova obra de Quentin Tarantino!
Guilherme Martins
Por Guilherme Martins
No holocausto, mais de um milhão de judeus foram mortos pelas mãos dos nazistas, comandados por Hitler. Se a história não foi justa com os judeus, em Bastardos Inglórios, Quentin Tarantino vinga-se dos nazistas e (por que não?) da história também. E o resultado é um filme que pode ser considerado um ensaio sobre a vingança.
No mais recente filme de Tarantino, um grupo de soldados judeus-americanos, conhecidos pelo nome de “bastardos inglórios” captura, tortura cruelmente e mata soldados nazistas na França ocupada. Logo no início, o Tenente Aldo Rayne, interpretado pelo sempre afiado Brad Pitt, diz: “Nós não estamos no ramo de fazer prisioneiros. Nós estamos no ramo de matar nazistas. E esse ramo é bom demais”.
Essa frase sintetiza muito bem aquilo que você vai ver durante as duas horas e vinte de filme. Muito sangue, violência explícita e diálogos marcantes. Claro que aqueles que já estão habituados ao trabalho de Tarantino, já sabem o que esperar de um filme dele.
Quentin Tarantino é um dos grandes e visionários diretores do cinema atual. Particularmente eu sou um grande fã de seu trabalho (e os leitores vão notar isso no decorrer desta crítica), especialmente de filmes como Cães de Aluguel, Pulp Fiction e Kill Bill. Mas parece que nesse Bastardos ele finalmente alcançou seu ápice, misturando longos diálogos, personagens envolventes, um ótimo roteiro e cenas magistrais de violência. E o melhor de tudo é que ele sabe como dosar cada um destes ingredientes na medida certa.
A impressão que fica é que o diretor passou por todos os filmes de sua carreira (e também os filmes que admira) tirando um aprendizado diferente de cada um, juntou os acertos de todos e os usou para fazer Bastardos Inglórios.
Não poderia encerrar essa crítica sem antes comentar também as atuações do filme que são brilhantes e responsáveis por carregar o longa todo sem que o espectador perceba que já se passaram duas horas de produção. Brad Pitt está perfeito como o líder dos “bastardos”, o Tenente Aldo Rayne. Com seu sotaque “americano-caipira” e suas frases de efeito como “Vocês me devem 100 escalpos de nazistas. E eu quero meus escalpos!”, fica impossível não cair no riso. O personagem de Eli Roth, o “Urso Judeu”, é o responsável por grande parte da violência do filme, destroçando cabeças de nazistas com seu famoso taco de baseball (sim, temos essas cenas no filme). E, por fim, mas talvez o mais importante, vem a interpretação do ator austríaco Cristoph Waltz, como o coronel nazista Hans Landa. Ele simplesmente rouba a cena em todos os momentos em que aparece, destacando-se até mais do que Brad Pitt.
Outro fator que merece comentários é a violência. Essa é uma personagem a parte nos filmes de Tarantino. Em Bastardos, porém, não há tanta violência como nos filmes anteriores do diretor. Mas não se engane! Estamos falando de Tarantino, então a violência certamente está lá, só que não toma o filme todo, deixando espaço também aos diálogos. Porém quando ela aparece, são em cenas impactantes e caricatas. E quando trata-se de violência, Quentin Tarantino pode ser considerado o maestro, pois consegue provocar risos de cenas graficamente cruéis e explícitas. Nunca achei, por exemplo, que riria ao ver um crânio sendo esmagado com um bastão, ou alguém levar uma rajada de tiros de metralhadora na cara, mas Tarantino consegue isso. Palmas pra ele!
Por fim, estamos diante de um filme que pode ser qualificado como “Tarantino explícito” e essa é a melhor qualidade do longa. Aqueles que já conhecem (e apreciam) o trabalho do diretor, certamente irão se deleitar com esta obra, e com certeza concordarão com a última frase do filme. Já aqueles que esperam um filme sério ou uma aula de história, sugiro que passem longe.
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