Entrevista: Dr. Alfredo fala sobre homenagem "Padre Antônio Pacheco"
Médico conversou com a equipe do Itu.com.br sobre diversos assuntos.
Renan PereiraPor Renan Pereira
O relógio aponta 11h30. Alfredo José Rodrigues Fruet aparece caminhando tranquilamente pela porta da recepção do Centro Médico de Itu (Cemil), onde atua há anos e onde nosso encontro fora marcado.
- "Você é o jornalista?", pergunta-me ele, não menos simpático do que aqueles que o conhecem pintaram-no a mim.
- "Sim", respondo timidamente, enquanto tomo um último gole d’água, como quem está preparado para uma nova etapa.
- "Siga-me", diz ele, sem a firula habitual de qualquer personagem que se coloca à frente de um repórter que transparece pressa.
Dr. Alfredo, como é conhecido carinhosamente pela população ituana, aparenta ter menos idade do que realmente tem e - diferente da impressão que os médicos costumam passar em um primeiro momento - reluz tranquilidade. Nascido em Itu no dia 18 de abril de 1944, o especialista será o homenageado do ano pelo Prêmio Antônio Padre Pacheco da Silva - criado pela Associação Amigos da Cidade de Itu (SACI) com o objetivo de exaltar profissionais da área da saúde.
Na entrevista abaixo, concedida ao portal Itu.com.br, Dr. Alfredo fala sobre a satisfação de ser nomeado para receber um prêmio tão importante na cidade e, claro, sobre sua jornada à frente de uma das profissões mais importantes do mundo. Descontraído, o médico relembra também um pouco de sua infância, opina sobre a Saúde no Brasil e fala sobre sua “segunda paixão” desde os tempos de criança: o futebol. Confira!
Itu.com.br - O Sr. foi nomeado pela Saci recentemente para receber o Prêmio Padre Antônio Pacheco. O que significa para você essa homenagem?
Dr. Alfredo - Para mim é uma honra muito grande e uma satisfação extraordinária. Muito bom ver esse prêmio ser entregue pelo reconhecimento a um cidadão ituano. Estou ansioso pela data e muito contente pelo convite.
Itu.com.br - O que te levou a escolher a medicina como profissão?
Dr. Alfredo - No meu tempo de colégio eu gostava muito de biologia, então desde pequeno eu sabia que eu seguiria nessa direção. Na verdade eu sempre tive essa vocação e esse interesse pela biologia, e daí veio a vontade de ser médico. Essa foi a profissão que eu escolhi, que eu imaginei, que exerci, que adoro e não sei fazer mais nada além disso.
Itu.com.br - Fale-nos um pouco sobre a sua infância em Itu. O que gostava de fazer naquela época?
Dr. Alfredo - Na minha infância, diferentemente dos dias de hoje, você andava descalço e livremente por aí. Todas as tardes eu ia jogar futebol no campinho da Portella e, assim como toda criança da época, eu brincava de várias outras coisas, como fubeca e botão. Também tive muitos animais de criação: cachorro, galo e até mesmo um bode (risos); me divertia muito com esse bicho. Resumidamente posso dizer que tive em Itu uma infância muito arteira e feliz, com muita complacência de meu pai, claro, que arcava com os "prejuízos".
Itu.com.br - O que mais se destacou durante a sua adolescência, além do gosto pela medicina?
Dr. Alfredo - Comecei o Ginásio e o científico no Regente Feijó, onde tive uma presença muito participativa no grêmio conselheiro e, nesse mesmo período, passei a jogar futsal no grêmio, que tinha um timaço nessa época, tendo sido bi campeão da cidade. Depois cheguei a participar também da seleção de Itu, nos Jogos Regionais, e joguei muito futebol amador em alguns clubes locais. Foi aí que tive que ir para São Paulo estudar e parei um pouco com as atividades esportivas. Depois que voltei para cá, como médico, adquiri uma pequena chácara na Estrada de Salto e há 25 anos fazemos jogo de futebol lá todos os sábados.
Itu.com.br - Até hoje?
Dr. Alfredo - Sim, até hoje...
Itu.com.br - E para que time o Sr. torce?
Dr. Alfredo - Palmeiras. Embora meu time não esteja muito bem... está no sangue, né? (risos) Meus pais torciam para o clube e aí isso foi passando...
Itu.com.br - E o Ituano?
Dr. Alfredo - Acompanhei também o Ituano por muitos anos com o meu pai, que era um torcedor assíduo, principalmente quando o time estava na terceira divisão. Íamos a todos os jogos do time... Taubaté, Campinas e diversas outras cidades da região.
Itu.com.br - Voltando ao assunto medicina, seu primeiro emprego nessa área foi em Itu?
Dr. Alfredo - Sim. Na verdade, logo depois de ter me formado, em 1974, o meu objetivo era ficar por São Paulo mesmo e abrir algo em conjunto com alguns amigos. Acontece que nessa ocasião eu fui convocado como aspirante oficial para servir o Exército de Itu por um ano e meio. Como tive que voltar, minha vida tomou um novo rumo e passei em um concurso na cidade. Foi aí que decidi ficar por aqui e começar uma nova vida ao lado de minha esposa.
Itu.com.br - Em um texto feito pela sua irmã (e publicado recentemente no Itu.com.br), ela fez uma citação muito bonita sobre você, que resolvi anotar: “Dr. Alfredo procura primeiro examinar a parte que dói na alma”. O que o Sr. tem a dizer sobre isso?
Dr. Alfredo - Sempre converso muito com todos os meus pacientes porque acho que é isso que um médico deve fazer. Gosto de conversar sobre assuntos gerais com eles e deixá-los à vontade antes de tudo, principalmente com os idosos. Muitas vezes a pessoa não está doente, mas se sente assim por falta de orientação, carinho... Com uma forma diferente de falar e agir, muitas vezes podemos curar os pacientes apenas por ter atingido a alma deles.
Itu.com.br – Quais são suas impressões sobre a saúde pública no Brasil? Como isso está caminhando?
Dr. Alfredo - De modo geral a Saúde no Brasil é sempre tema de campanhas eleitorais, mas na realidade as promessas nunca se cumprem. Os médicos continuam com péssimas condições de trabalho e isso atrapalha bastante. Além do salário, é preciso oferecer aos profis