COMAREI completa 10 anos cuidando da reciclagem em Itu
Acompanhe a história, desafios e conquistas da cooperativa.
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Por Deborah Dubner
Iniciativa de poucos, colaboração para muitos. Assim podemos apresentar a COMAREI – Cooperativa de Materiais Recicláveis de Itu – que comemorou 10 anos de vida no dia 28 de outubro. Seus principais objetivos: cooperativismo, capacitação e profissionalização dos catadores como agentes da limpeza e proteção ambiental. Suas principais conquistas: deu a Itu a opção de reciclagem e, principalmente, ensinou e expandiu a consciência ambiental dos moradores da cidade.
Segundo a Secretária do Meio Ambiente de Itu, Patrícia Otero, a reciclagem é um dever do cidadão e de qualquer cidade. “Já estamos consumindo mais do que o Planeta tem condições de oferecer e gerando cada vez mais resíduos. Promover a limpeza da cidade, proteger o meio ambiente e encaminhar para reciclagem toneladas de resíduos, é ação gloriosa. Por isso, um Viva à COMAREI e a todos aqueles que em algum momento tornaram este grandioso sonho uma referencia da coleta seletiva nacional.”
Visão geral
A COMAREI conta atualmente com 60 cooperados, que através da coleta, triagem e venda dos materiais recicláveis às indústrias recicladoras são responsáveis pela coleta seletiva de lixo em toda cidade de Itu, sendo referência no Brasil.
Atualmente, são recolhidos pela cooperativa cerca de 300 toneladas/mês de material reciclável. No inicio, em 2001, a quantidade se resumia a 200 kg de material.
Sociedade civil e parcerias
Valéria Rusticci, que atualmente coordena os Projetos Institucionais, é uma das idealizadoras que tem acompanhado o trabalho da COMAREI desde o início. Ao longo dessa trajetória de 10 anos, ela destaca o nascimento desta cooperativa como ação da sociedade civil, decorrente de atividades exercidas pela igreja católica na comunidade da Vila Lucinda e as parcerias que decorreram com prefeitura e outras empresas que sonharam junto com um grupo de ambientalistas. “A união fez acontecer...”, ressalta.
Conforme conta, a adesão da população é de se orgulhar: foram mais de 1300 palestras e reuniões de 2001 até 2011 para conscientizar a população sobre os benefícios da separação do lixo.
Na visão da ambientalista, três fatores são responsáveis pelo sucesso da COMAREI nestes dez anos: mobilização da sociedade frente ao desafio ambiental; determinação dos catadores e das pessoas que contribuem diariamente com seus resíduos; parcerias com as empresas que têm responsabilidade ambiental.
Pioneirismo
Desde o início, a proposta da COMAREI foi pioneira. Enquanto outras cidades de porte até maior que Itu viabilizavam a coleta por carroças, a COMAREI, desde a primeira semana, iniciou sua coleta com caminhões, a fim de melhorar a qualidade de trabalho dos cooperados, condição prioritária do grupo fundador para o trabalho de coleta seletiva. “Nós nunca realizamos a coleta com carroça, isso está em nossa Missão”, declara Valéria.
O pioneirismo de Itu em implantar a coleta seletiva em 80% do município com inclusão dos catadores foi o maior desafio, segundo Rusticci. “A capacitação e a credibilidade que os catadores depositaram nos ambientalistas foi o que possibilitou a implantação”, explica.
Parcerias com o setor privado
Muitas empresas foram fundamentais para a evolução das atividades da COMAREI. O empresário José Carlos Ventri tem sido um dos fomentadores deste projeto. Presidente do grupo EPPO, empresa que atua nos segmentos de construção civil, gestão de resíduos e engenharia ambiental, destaca: “Decorridos 10 anos de sucesso, podemos afirmar que a fase de pioneirismo foi alcançada com muita garra e empenho. Hoje, nossa meta como um dos fomentadores é consolidar a COMAREI, apoiando novos investimentos, a fim de torná-la referência na região, com o propósito de retornar ao ciclo produtivo os materiais recicláveis, gerando empregos dignos, investindo continuamente na capacitação profissional dos cooperados e contribuindo sobremaneira com o meio ambiente e o nosso planeta.”
Passo a passo
Luciana Pescantini é presidente da COMAREI desde março, após ter trabalhado por quatro anos na triagem. Conforme conta, cada conquista foi suada: “Desde a aquisição do terreno por comodato de 20 anos com a prefeitura em 2002, até a construção do refeitório, banheiros, escritório e demais melhorias. Depois teve a cobertura da área de triagem, caminhão e balança rodoviária doados pela Coca-Cola.”
Ao ser indagada sobre os principais desafios, Luciana alerta que ainda estão na mudança de hábitos das pessoas: “Conscientização da coleta seletiva nos bairros e educação ambiental em escolas é o que mais precisa ser feito”, explica.
Toneladas de consciência ambiental
Segundo Luciana, a COMAREI tem atualmente total controle de entrada e saída de materiais. “Com o uso da balança rodoviária, melhorou muito o nosso controle”, conta.
A venda média por tipo de embalagem gira em torno de:
- Papéis (papelão e outros papéis): 120 ton/mês
- Tetra Pack: 8 ton/mês
- Plásticos: 30 ton/mês
- Vidro: 25 ton/mês
- Sucata ferrosa: 15 ton/mês
- Alumínio: 2 ton/mês
- Óleo de cozinha: 1200 litros/mês
- Rejeito: 25 ton/mês, destinado ao aterro sanitário.
Futuro
Um projeto sem sonhos fica estagnado. Nesses 10 anos, os cooperados da COMAREI e seus parceiros provaram que são comprometidos com a reciclagem e com a evolução de seus serviços.
Luciana conta que a cooperativa está participando de um edital da FUNASA para aquisição de novos caminhões e também de um projeto da AVINA Americas, juntamente com o Movimento Nacional de Catadores (Cata Ação) para um subsídio de verba que poderá ser utilizado para ampliação da área de triagem e pavimentação do pátio. “Temos parcerias com a Coca-Cola (Sorocaba Refresco) que nos apóia. Nossa meta para o futuro é que consigamos total melhoria na infraestrutura da sede, com pavimentação, aquisição de máquinas, dando-nos melhores condições de trabalho e renda.”
A secretária do Meio Ambiente, Patricia Otero, orienta que além da reciclagem de resíduos já usuais, a Prefeitura de Itu, em parceria