Composição desconhecida de Elias Lobo é recuperada
Obra será apresentada durante a cerimônia de Ofício de Trevas
Jéssica Ferrari
No dia 12 de abril (sábado), durante o Ofício de Trevas, tradicional cerimônia católica, realizada pela igreja do Convento do Carmo de Itu, pela primeira vez será ouvida a obra Matinas de Quarta-feira santa, do compositor ituano Elias Álvares Lobo, um dos mais renomados músicos paulistas na segunda metade do século XIX.
A obra musical escrita para o Ofício de Trevas de Itu, permaneceu desconhecida dos músicos ituanos e do público em geral por mais de 130 anos. Na década de 1870, o compositor deixou a cidade de Itu para viver em Itatiba, Campinas e São Paulo, onde faleceu.
Os arquivos com obras do compositor, em 1978, foram encaminhados a um instituto de pesquisa, em São Paulo, onde permaneceram por 35 anos. Em 2012 foram transferidos para o Museu da Música – Itu. As partituras fazem parte de um conjunto de obras sacras para a Semana Santa, escritas em Itu no final da década de 1860, preservadas em um elegante álbum encadernado com capa de couro. Provavelmente foram executadas em Itu por cerca de dez anos.
A sua recuperação foi planejada durante o primeiro semestre de 2013, após pesquisa no acervo do museu, dada sua relevância enquanto patrimônio cultural paulista. Entre os meses de novembro e dezembro foi feita a transcrição, pelo estudante de composição Giancarlo Staffetti (UNICAMP) e supervisão do Coordenador de Acervo do Museu da Música, Luís Roberto de Francisco. A coordenação toda do projeto é da Profa. Maria de Lourdes Sioli, Curadora do Museu da Música – Itu.
Entre partes corais e solistas, a peça foi composta em treze partes (nove responsórios e quatro antífonas) e revela a preocupação de Elias Álvares Lobo (1834 – 1901) em musicar o texto latino medieval com características da singela linguagem musical abrasileirada, em tempo em que os modelos de composição eram italianos.
A obra está sendo ensaiada pelo Coral Vozes de Itu para ser recriada durante o Ofício de Trevas de 2014. O grupo, que neste ano completa 49 anos de atividade ininterrupta, tem sido intérprete em primeira audição de diversas obras de compositores locais, como o Padre Jesuíno do Monte Carmelo, Elias Lobo, Miguel Dutra e Tristão Mariano.
A restauração da obra foi patrocinada pelo Instituto Cultural de Itu, entidade mantenedora do museu. Em 2014 comemoram-se os 180 anos do nascimento de Elias Lobo.