Copacabana transformada pela JMJ
Cartão postal do Rio vira Babel do amor e da espiritualidade
Salathiel de SouzaSALATHIEL DE SOUZA, DO RIO DE JANEIRO
Nunca passei uma tarde em Copacabana. Sempre acreditei no que cantava Tom Jobim: “Copabana, princesinha do mar / Pelas manhãs tu és a vida a cantar / E à tardinha o sol poente / Deixa sempre uma saudade na gente”. O certo é que este primeiro domingo da JMJ trouxe um clima diferente não só para esse cartão postal carioca, mas para toda a cidade do Rio de Janeiro.
Kupa kawana
O lugar ganhou o famoso nome no século 17, com a dedicação de uma igreja em honra a Nossa Senhora de Copacabana. A palavra original é “kupa kawana”, do idioma quéchua e significa “aquela que fica olhando o lago”.
Conta-se que no século 16 um índio chamado Tito Yupanqui esculpiu uma imagem de Nossa Senhora da Candelária, colocando à margem do lago Titicaca, que fica na fronteira entre o Peru e a Bolívia. A tal imagem permanece lá até hoje.
Babel do amor
Após um reconhecimento do Centro de Imprensa, resolvi caminhar pela Avenida Atlântica, a principal de Copacabana. Pessoas praticando corrida misturavam-se a jovens uniformizados com camisas da Jornada. Ciclistas concorriam com grupos portando bandeiras e faixas.
À beira-mar, os tradicionais escultores de areia compunham obras gigantes aludindo ao Papa Francisco. Enquanto isso, jovens abordavam os banhistas para conversar, se apresentando como missionários e evangelizando na areia.
O policiamento era ostensivo, com a presença de viaturas e de policiais caminhando entre os transeuntes. Ambulâncias e centros médicos de primeiros socorros também espalhavam-se por toda a orla de Copacabana.
De quando em quando, ouviam-se gritos de “Glória a Deus” e outros bordões religiosos, acompanhados de gritinhos e ovações. Os idiomas também eram muitos. Parece até que o Rio de Janeiro virou a nova Babel. A diferença é que aqui todos estão se entendendo na linguagem única do amor e da espiritualidade.
Jovens de fé
Pedindo desculpas ao mestre Jobim, poderíamos até adaptar a canção: “Copacabana, princesinha da fé / Pelas manhãs com peregrinos à pé / E a tarde inteira, cheia de crentes / Jovens que dão esperança pra gente”.
Até o fim da JMJ a virgem de Copacabana olhará muito mais do que apenas o mar. De cima do altar ela enxergará milhões de jovens peregrinos testemunhando a fé. A prova concreta de que a Igreja Católica se renova sim, de tempos em tempos, há mais de dois mil anos.
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