Turismo

Publicado: Domingo, 6 de janeiro de 2008

SP vai financiar fazendas históricas

José Maria Tomazela

(Estadão / Caderno Cidades / pág. C1 / 06 de janeiro de 2008)

Entre as 800 propriedades rurais cadastradas para turismo no Estado de São Paulo, cerca de uma centena é de fazendas de importantes ciclos econômicos e culturais do País. Trata-se de um dos conjuntos arquitetônicos rurais mais preservados do mundo - formado, em sua maioria, por exemplares únicos. Mas esse patrimônio já foi maior. Muitas fazendas foram demolidas para dar lugar a empreendimentos imobiliários ou em razão do avanço de fronteiras agrícolas. Para ajudar a manter o que resta, o Estado vai liberar até R$ 80 mil para donos que quiserem investir em preservação e turismo rural.

Os recursos virão do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) e o pagamento será feito em cinco anos, com três anos de carência, a juros de 3% por ano. De acordo com o secretário-adjunto de Agricultura e Abastecimento, Antonio Júlio Junqueira de Queiroz, falta só a publicação no Diário Oficial para a verba ficar disponível. Ele diz que a linha de financiamento ajudará a enfrentar a especulação imobiliária. “O proprietário terá um empurrãozinho para entrar no negócio do turismo.”

O dinheiro poderá ser usado para recuperar casas-sedes e melhorar as instalações. A Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo vai agir na outra ponta, apoiando imóveis já restaurados e abertos ao turismo e criando o Roteiro das Fazendas, com sinalização das rodovias de acesso. Entre elas estão as 13 integrantes da Associação das Fazendas Históricas Paulistas, criada no ano passado. Elas estão nas regiões de Itu, Campinas, Limeira, São Carlos, Mococa e Jaú e cada uma tem pelo menos um século de existência. “Esperamos concluir a instalação das placas indicativas neste semestre”, afirma o secretário Claury Santos Alves da Silva.

Segundo ele, São Paulo tem mais propriedades aptas para turismo que Minas. “Queremos estimular o ingresso de mais fazendas no roteiro.” Ele também já pensa numa parceria com a Secretaria de Cultura do Estado para recuperar casarões de interesse histórico que precisam de investimentos maiores na restauração.

Projetos dessa natureza podem ser beneficiados pelas leis de incentivo à cultura. Essa é uma das principais reivindicações da associação, segundo o presidente, João Pacheco. Muitos casarões centenários dos ciclos do café e da cana-de-açúcar ficaram abandonados e estão deteriorados. “O dono às vezes quer recuperar, mas fica caro para a renda que ele pode obter depois.”

Pesquisadores das Universidades de Campinas (Unicamp) e Federal de São Carlos (Ufscar) apóiam a associação com estudos e técnicas de conservar casarões. O requisito básico para integrar a associação, segundo Pacheco, é o de que a origem da fazenda esteja entre o fim do século 17 e início do 20.
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