Publicado: Sexta-feira, 28 de março de 2008
Dia da Saúde e Nutrição - Jamil Aidar
Camila Bertolazzi
Itu.com.br - Sabe-se hoje que as emoções estão de mãos dadas com a saúde do corpo físico e mental. No entanto, saber não é suficiente, pois aprender a lidar com as emoções é um árduo caminho, principalmente quando falamos da relação pais e filhos. Quais dicas você poderia dar aos nossos leitores, com relação a como lidar com as próprias emoções e com a de seus seres mais próximos (filhos, pais, irmãos, alunos, etc.)?
Em minha opinião, a dica mais importante é a da sinceridade consigo mesmo e com o outro. Explico melhor através de duas situações:
1) É muito comum observarmos relações familiares muito desgastadas pela dificuldade em se dizer o que realmente se está sentindo. Atendo a alguns casais que atravessam crises por falta dessa explicitação. Um exemplo frequente é a situação em que um dos parceiros sente-se incomodado com alguma atitude do outro. Não manifesta seu incômodo, pois teme gerar uma discussão, ou não consegue se expressar adequadamente, ou pensa que sozinho vai superar o desconforto sem a necessidade de se desgastar por uma coisa pouco importante. Infelizmente o que acontece na maior parte das vezes, é que este incômodo não se resolve sozinho, fica acumulado e gera tensão progressivamente maior na relação. Em um dia de menor paciência, às vezes por um motivo realmente sem importância, toda aquela carga emocional retida volta à tona, agora com força exagerada e muitas vezes deslocada do contexto em que o desconforto foi gerado. O resultado é mágoa e incompreensão.
2) Também é comum observarmos as pessoas utilizando um discurso verbal não concordante com a mensagem corporal que é enviada. A Psicologia denominou este fenômeno de "duplo vínculo". Acontece assim: imagine um filho de 22 anos comunicando à mãe que deseja morar sozinho. A mãe lhe diz que fica contente com o fato de que ele está amadurecendo e que ele deve mesmo cuidar da própria vida, entretanto, enquanto diz isso chora compulsivamente. O filho, a partir destas duas mensagens - a mãe que autoriza verbalmente, mas demonstra sofrimento e desaprovação no discurso não verbal - deve tomar uma decisão; ou segue seu caminho o deixa a mãe sofrendo ou desiste de seu projeto para proteger a mãe e sofre. Não pode discutir, pois a mãe oficialmente autorizou sua saída de casa. Trata-se assim de uma armadilha, na qual ninguém ganha. Se a mãe tivesse conseguido verbalizar sua satisfação com o crescimento do filho, e também sua dificuldade em deixá-lo partir, isso abriria a possibilidade para o diálogo e a decisão seria facilitada para ambos.
Concluindo, penso que a sinceridade no sentir e no transmitir sentimentos é uma das chaves para o bom relacionamento familiar.
Dr. Jamil Aidar - é médico formado pela PUC-SP e psicoterapeuta formado pelo IPPGC - Campinas.
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