Publicado: Terça-feira, 8 de abril de 2008
Um músico educador
Camila BertolazziPor Maria de Lourdes Figueiredo Sioli
Descendente de educadores, Tristão Mariano da Costa viu-se atraído pela arte de ensinar e esteve durante grande parte de sua vida envolvido pelos alunos, em escolas. É, portanto, este aspecto mais uma faceta de sua vida plena de atividades, onde se distingue, ainda, como músico e compositor, vereador por diversas legislaturas, professor em Jaú e Piracicaba.
Tristão Mariano iniciou seu trabalho docente no Colégio São Luiz e mais tarde abriu sua própria escola, onde se alfabetizava as crianças, ensinando-lhes também conhecimentos gerais.
Como educador de idéias liberais, introduziu em seu externato, disciplinas práticas como Escrituração Mercantil (Contabilidade) e Música. Era um mestre competente, disciplinador, gozava de prestígio junto aos pais e comunidade em geral, mas entre seus alunos era talvez mais temido que amado, dadas as punições e os castigos aos que “saíssem da linha”.
Aliás, no passado, a disciplina, o respeito, os castigos eram presenças obrigatórias (e toleradas) nas escolas, especialmente na época de Tristão Mariano. A seriedade perpassava todos os atores que nela atuavam, desde o diretor (figura inatingível e distante) até os serventes que, mesmo nos recreios, zelavam pela ordem e disciplina. Na verdade a escola não era “risonha e franca” até bem pouco tempo atrás, como no meu tempo de criança, mas ensinava e os alunos aprendiam!
Os exames eram severos, cercados de preocupações e medos, porque a reprovação era uma vergonha social, humilhante, mas existia! Como, no meu tempo, admirávamos nossos professores! Como eram cultos, sábios nas decisões, figuras conhecidas e respeitadas, pela sociedade em geral!
Com saudade lembro minha escola, o “Regente Feijó”, aliás, tempos inesquecíveis para todos nós que por lá passamos. Lembro-me especialmente do Prof. Luizito, magnífico mestre de música, o primeiro a nos falar, com admiração, de Tristão Mariano da Costa, seu avô, músico como ele, além de educador.
O que restou daquelas escolas do passado? Daqueles professores entusiasmados que nos ensinavam e nos formavam como cidadãos? Daqueles alunos respeitosos que amavam a escola a ponto de nunca esquecê-la? Que tinham orgulho de representá-la nos desfiles e cerimônias, com seus uniformes e bandeiras? Que se emocionam ao ouvir o seu hino, agora, após tantos anos?
Vejo com tristeza a crescente derrocada da escola e com preocupação o nível sofrível de aprendizagem dos alunos, mesmo em nosso Estado, o mais rico e competente do país! Onde erramos? Sim, porque estive, durante quarenta e seis anos, envolvida com educação e sinto-me também culpada por este completo fracasso!
O diagnóstico é difícil e, por isso, mesmo os “palpites” são tantos e não levam a nada. O pior é que não há volta neste processo que é a educação. Há mudança de rumo com resultados lentos e tardios. O que será da maioria desta geração, mal informada, mal formada, semi-analfabeta, sem valores. Quem nos substituirá no futuro?
O que diria mestre Tristão diante deste panorama?
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