Bem estar

Publicado: Segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Audição: perigo, surdez à vista!

Conheça os riscos de ouvir som alto e caia na real!

Crédito: Banco de Imagens Audição: perigo, surdez à vista!
A intensidade sonora do volume máximo que alguns mp3s podem atingir equivale à intensidade de uma turbina de avião durante a decolagem

Por Deborah Dubner

Algumas cenas da vida urbana são recorrentes e cada vez mais freqüentes: jovens, adultos e crianças passeando nas ruas, nos carros, em transportes públicos ou bicicletas, sentados em bancos de praças, escolas e ruas com aquele aparelhinho charmoso que conquistou fama e lugar de destaque: o mp3, amigo de todas as horas. Ouvir música é saudável e espanta muitos males. Mas a questão vai além. O hábito se tornou tão natural que poucos se dão conta dos reais perigos que esta prática esconde.

Para que a desinformação não vire surdez, a equipe do itu.com.br traz uma reportagem especial sobre o tema. Conversamos com vários profissionais, entre eles o Dr. Washington Jose Renzo. Leia a entrevista e aprenda o que você pode fazer!

Nara Hailer


A perda auditiva é um fenômeno mais comum do que podemos imaginar. Existem, no mundo inteiro, mais de 500 milhões de pessoas com problemas auditivos. Para o ano de 2015, estima-se que este número suba para 700 milhões. Os problemas de audição não estão associados apenas à velhice. Cinqüenta por cento das pessoas com perda auditiva têm menos de 65 anos de idade, sendo que muitos são crianças e adolescentes.

Segundo as fonoaudiólogas Renata Garcia Alloza e Riva B. Waitman Salzstein, diretoras da COMUNIK Assessoria em Fonoaudiologia, a desinformação é um dos fatores principais que contribuem para o aumento dos problemas auditivos.“As pessoas aumentam o som MP3 por desconhecimento dos riscos à saúde auditiva, por gostar de música em forte intensidade e pela competição sonora a que estão expostas (ônibus, metro, trânsito, gritaria), principalmente nas grandes cidades”, explicam.  

O alerta principal das especialistas que trabalham diariamente com desenvolvimento e treinamento de pessoas em projetos relacionados à promoção da saúde (voz e audição), gerenciamento de estresse e comunicação é o seguinte: “Os jovens e adultos devem evitar a exposição a ruídos desnecessários, principalmente no lazer e ambiente de trabalho, afinal a poluição sonora é a terceira maior do planeta! É importante saber que a surdez pode ser diagnosticada, tratada e acompanhada com medicamentos, cirurgias ou pelo uso de aparelhos auditivos desde os primeiros dias de vida”.

O pouco caso com o ouvido vai além do uso exagerado dos modernos mp3. As famosas baladas em discotecas e shows são responsáveis também pela perda de audição e podem agredir o ouvido de outras formas, causando zumbido, fortes dores de cabeça, insônia e dificuldade de entendimento. Ou seja: pessoas jovens terão problemas auditivos muito antes que seus pais e avós. 

Uma pesquisa do Hospital das Clínicas de São Paulo aponta que 35% dos casos de problemas auditivos diagnosticados na unidade estão relacionados a ruído por exposição prolongada a sons potencialmente lesivos.

O fato é que o alto som leva com ele a audição. Segundo pesquisas realizadas, boa parte dos jovens ouve música no iPod com sons entre 100 e 115 decibéis, quando o nível recomendado é sempre inferior a 60 decibéis. Para alertar essa grande parcela da população (principalmente os jovens) sobre este perigo invisível, a Sociedade Brasileira de Otologia promove há 4 anos a Campanha Nacional da Saúde Auditiva, realizada no Dia da Audição, a fim de informar e conscientizar sobre os riscos que o som alto dos mp3 players pode trazer à audição.

Mp3: herói ou vilão?

O hábito de ouvir música alta em tocadores de mp3 tem trazido sérios problemas para os ouvidos, que possuem estruturas muito especializadas e delicadas, responsáveis pela audição. Os tocadores de mp3 atuais são tão potentes que podem atingir uma intensidade sonora de até 120dB, em seu volume máximo. Para se ter uma idéia, isto equivale à intensidade de uma turbina de avião durante a decolagem!

A Dra. Claudia Meirelles conta que em sua prática clínica chegou a atender uma menina com ferida na orelha, por dormir em cima do fone de ouvido.

O Comitê Científico Europeu de Riscos à Saúde realizou pesquisas e divulgou um estudo com os riscos que o uso de mp3 player pode trazer:
- o uso de fone intra-auricular (dentro do ouvido) favorece a perda de audição
- adolescentes e jovens na casa dos 20 anos não percebem a diminuição da acuidade auditiva imediatamente. Os efeitos nocivos da música alta só serão percebidos em uma década ou quando entrarem na casa dos 30 anos.
- os grupos mais expostos a riscos são aqueles que ouvem mp3 player ao menos cinco horas por semana. Porém, os malefícios podem ser notados mesmo para quem ouve apenas 28 segundos por dia de música alta.

Índices alarmantes

- Cerca de 15% a 20% da população em geral tem zumbido, sintoma que indica perda auditiva. No Brasil, significa algo em torno de 25 a 30 milhões de brasileiros. Destes, 15% se sentem incomodados com o barulho e procuram ajuda médica
- Cerca de 30% a 35% das perdas de audição são creditadas à exposição a sons intensos, sejam eles em ambientes profissional ou em lazer (como shows ou aparelhos eletrônicos)
- A surdez relacionada à exposição a sons intensos é “cumulativa”. Uma vez cessado o fator causador (exposição a ruído), a perda de audição estaciona, mas não regride.

Principais queixas de um indivíduo com exposição intensa à ruído

- Zumbido
- Dores de cabeça e de ouvido
- Coceira
- Sensação de ouvido tapado
- Irritabilidade a sons intensos

Dicas da Sociedade Brasileira de Otologia para proteger o ouvido
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