Publicado: Sexta-feira, 5 de outubro de 2007
Malu Ribeiro fala sobre a falta de água em Itu
Deborah DubnerO problema da água em Itu já virou novela ou lenda, pois " entra ano e sai ano e nada vem...e o sertão continua a Deus dará", como canta Gilberto Gil na musica procissão.
O problema de Itu é falta de gestão. Há anos e sucessivas administrações políticas, a situação de falta de investimentos no setor de saneamento é critica, com sucateamento do SAAE e falta de investimentos em reservatórios de água. A proteção a áreas de mananciais, programas de controle de perdas, educação ambiental para uso racional da água e campanhas, bem como multas e fiscalização para desperdício e abusos, não são feitos.
Ocorrem muitos discursos em época de campanha, mas, infelizmente, os dirigentes que assumem nada fazem. Até agora, a única alternativa apresentada pelos políticos locais foi a concessão do SAAE à iniciativa privada.
Temos bons mananciais, mas não temos reservatórios suficientes para a demanda e no período de chuvas os sistemas do Braiaia e do Itaim, não têm capacidade de armazenamento, então desperdiçamos a água das chuvas.
No período de estiagem, não são feitas campanhas por economia de água, nem apoio a investimentos privados em reuso da água e o que estamos vivenciando, com o corte de água diário em bairros da cidade, durante o dia, acaba por gerar mais problemas. Pois, quando a água volta para a rede, após o corte no fornecimento, muitas vezes a pressão é tão grande que a rede se rompe. Durante as últimas semanas vimos e informamos para o SAAE vários vazamentos de água na região central, durante a noite e o reparo só foi feito na manhã do dia seguinte, pois não havia manutenção noturna. E, com isso, certamente muitos litros de água "tratada" foram desperdiçados.
Sabemos que estão buscando alternativas para implantação de reservatórios nos rios São José e Piray, onde a qualidade da água é boa e os custos de implantação seriam, de certa forma, reduzidos, pois, são barragens de fácil implantação devido a característica geográfica, porém isso parece "novela" e já deveria ter sido feito ha mais de 15 anos.... portanto, se essas obras vierem a ser implantadas já chegarão defasadas, uma vez que a população aumentou e com isso a demanda também e o volume desses rios diminuiu, por conta de desmatamentos, escassez de chuvas, usos diversos e o pior de tudo, a falta de capacidade gerencial.
O pouco que tem sido feito para preservar esses mananciais ocorre por iniciativa da sociedade civil, com programas de reflorestamento, pressão para criação de unidades de conservação, como a APA estadual do Piray, atuação de consórcios de despoluição, os quais embora contem com participação dos prefeitos, são entidades civis.
A falta de políticas públicas voltadas a gestão integrada da água, com planejamento, investimentos e transparência reflete no desenvolvimento da região e na estagnação sócio-econômica do município.
Espero que possamos ajudar, pois a situação de Itu é de limite!
Malu Ribeiro é coordenadora da Rede das Águas / SOS Mata Atlântica
www.rededasaguas.org.br
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