Publicado: Segunda-feira, 16 de junho de 2008
A Familia Katahira em Itu
Conheça uma família japonesa que fez história em Itu!
Deborah Dubnerpor Deborah Dubner
O casal Ryochi Katahira e Hideko Katahira chegou ao Brasil em março de 1934 e foram para o município de Marilia, na fazenda Ribeirão Alegre onde plantavam algodão. Alguns anos depois, mudaram-se para a cidade de Porto Feliz na fazenda Barreiro Rico, onde plantavam verduras. Anos depois, vieram morar em Itu, na fazenda Treme Treme, onde também plantavam verduras. E foi aqui que escolheram viver e criar seus dez filhos, até falecerem, em 1993 e 2000 respectivamente.
O filho mais velho é Paulo Katahira, seguido de Yoshihiro Katahira, Yoshikatu Katahira, Fumie Katahira, Kioko Katahira, Takashi Katahira, Seji Katahira e Cizuo Katahira (dois dos dez filhos faleceram ainda com meses de idade).
Antes de abrir uma loja de fotografia em Itu, o patriarca Ryochi Katahira e seu filho mais velho Paulo Katahira, pegavam ônibus e iam aos sítios de Itu, Porto Feliz, Salto, Sorocaba e toda região para tirar fotos de família. “A câmera era aquela antiga de chapa de vidro”, conta Denise, neta de Ryochi.
Paulo Katahira, Yoshihiro Katahira, Yoshikatu Katahira e Kioko Katahira seguiram a profissão do pai: são todos fotógrafos. Takashi Katahira e Cizuo Katahira são médicos, ortopedista e oftalmologista, respectivamente.
Foto Katahira
Quem em Itu não conhece a loja Katahira? Qualquer fotógrafo profissional ou mesmo amador, que busca uma revelação ou impressão de qualidade sabe que vai encontrar no Katahira o que procura.
A Foto Katahira existe desde 1950 na cidade de Itu. A primeira loja foi na rua Madre Maria Teodora, 101. Depois foi para a Praça Padre Miguel, 79. Só em 1970 é que a loja foi inaugurada na Rua 7 de setembro, 26, onde está até hoje.
“Meu avô tinha paixão por fotografia. Então, na primeira oportunidade que tiveram, ele decidiu investir nisso e acabou dando certo, tanto é que a Foto Katahira existe há quase 60 anos, conta Denise Hidemi, uma das netas.
A família que cuida da gestão da empresa está na sua 3ª geração e inclui o casal Yoshihiro e Sylvia Katahira, a irmã Kioko Katahira, os filhos Denise Hidemi e Kenji Victor, colunistas sobre fotografia no itu.com.br e Simone Sayuri Katahira.
Duras lembranças
Durante a segunda guerra mundial, os japoneses que viviam no Brasil foram proibidos de falar a língua japonesa, ler revistas, ter fotos do imperador na casa e ensinar aos filhos a cultura japonesa. Nesta época, Ryochi Katahira foi preso por falar na língua japonesa. “Um amigo do meu avô estava sendo preso, então ele perguntou em japonês, na frente dos oficiais, o porquê da prisão. Esse foi o motivo e ele acabou sendo preso também, junto com o amigo. O meu avô ficou cerca de 2 dias preso. Mas muitos amigos dele ficaram presos durante meses e até mesmo anos”, conta Denise. “E também nessa época, meus avôs não conseguiam comprar comida. Os comerciantes não vendiam para os japoneses”, explica.
Denise conta: “Eu guardo muitas lembranças dos meus avôs principalmente das histórias que eles sempre me contavam. Eram histórias da vida deles e de tudo que eles viveram no Japão até chegar ao Brasil. Algumas histórias engraçadas, outras nem tanto, mas todas foram muito bem vividas. Eles me diziam que no início foi muito difícil se adaptar a um país onde tudo era muito diferente, o idioma, a tradição, a cultura, a religião, enfim, o Brasil que se mostrava oposto do Japão. Mas, com o tempo eles foram se adaptando na terra brasileira e foram conquistando o seu espaço. Meu pai vê algumas fotos antigas e se recorda da infância dura que tiveram para poder sobreviver em um país tão desigual.”
Colhendo o que se plantou
O casal Ryochi Katahira e Hideko Katahira deixaram como legado sua determinação e talento. Além da coragem para renascer a vida em outro país e de todos os desafios vencidos, foram muitos os trabalhos realizados em Itu e região. “E meu avô também produzia mel e usina de hortelã como hobby”, lembra a neta.
A comemoração do centenário da imigração japonesa reflete a presença de famílias como essa. Nas palavras de Denise, fica claro que a semente do sentimento de família, respeito e admiração foi plantada. “Eu tenho muito orgulho de fazer parte da Família Katahira e também de ser uma descendente, pois com meus pais e meus avôs aprendi a ser uma pessoa mais dedicada, esforçada, persistente e paciente. E se hoje sou o que sou é Graças à educação oriental com a qual eu fui educada”.
Katahira: Uma família que tem muito do que se orgulhar!
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