Publicado: Sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Cloverfield
Leia a crítica e alugue o novo filme do produtor J.J. Abrams
Guilherme MartinsPor Guilherme Martins
O cinema é feito de duas coisas: de um lado estão a originalidade e as grandes idéias, e do outro, os filmes que seguem (copiam) as grandes idéias que dão certo. Porém, essa segunda vertente, nem sempre consegue fazer sucesso também, já que o público não é burro e reconhece uma cópia descarada de longe. Quem não se lembra de milhares de filmes que usaram os efeitos de bala em câmera lenta depois de Matrix? Quem não se lembra da onda de filmes violentos e com cenas de tortura depois de Jogos Mortais?
Antes de ver Cloverfield, li vários artigos sobre ele na Internet e, logo de cara, fiquei enojado com a idéia de fazerem mais um filme sobre um monstro gigante que ataca Nova York. Depois soube que ele seria todo mostrado sob o prisma de um jovem nova-iorquino e sua câmera de vídeo, então me veio à cabeça o filme “A Bruxa de Blair”, que também é filmado através da câmera de um dos protagonistas. Foi com essa impressão que fui assistir Cloverfield. E, felizmente, cometi um terrível engano.
Cloverfield é a prova maior de que a fusão de duas idéias originais pode gerar um material tão bom quanto o que serviu de inspiração. Absolutamente ninguém pode dizer que o filme é uma mistura de Godzilla com A Bruxa de Blair, pois a partir do momento em que Cloverfield começa, nenhum desses dois outros filmes nos vem à cabeça. Logo no início, acompanhamos uma festa de despedida que jovens preparam para Rob, que vai trabalhar no Japão. Os primeiros minutos de filme podem desanimar os mais impacientes, pois é dedicado apenas para que conheçamos um pouco de cada personagem. Até que ouve-se um grande estrondo e as luzes se apagam. Todos vão ao terraço do prédio e vêem uma grande explosão. A partir daí o desespero não para mais.
Como o evento todo é filmado por um dos personagens com a câmera na mão, em todas as cenas de correria e desordem, por exemplo, a imagem fica em constante movimento. O realismo e adrenalina do filme são tão latentes, que vários espectadores abandonaram as salas de cinema durante a estréia nos EUA, sentindo enjôo e tontura.
O produtor do filme é J.J. Abrams, que também produz duas séries que são consideradas fenômeno na TV americana: Lost e Dexter. Abrams (como os fãs de Lost bem sabem) é extremamente inventivo e sabe como criar mistério em suas obras, sempre aguçando a curiosidade dos espectadores. Com Cloverfield não foi diferente. Meses antes do filme ter sido lançado nos cinemas, já havia uma enorme publicidade do mesmo correndo solta na Internet. Desde que seu trailer foi mostrado durante a exibição do filme Transformers, os internautas fizeram um alvoroço na Internet para saber quem ou o que teria arrancado a cabeça da estátua da Liberdade.
Comenta-se até que os atores do filme só tiveram acesso ao roteiro depois de assinar a participação no mesmo. Tudo para não estragar o mistério. E é exatamente nisso que o filme acerta. Em revelar aos poucos e gradativamente tudo o que as pessoas estavam esperando pra ver. Não é como em A Bruxa de Blair, em que saímos (pelo menos eu saí) indignados por não ver o que estava aterrorizando tanto os personagens.
No embalo do sucesso, uma seqüência já está engatilhada para 2009, já que muitas coisas ficam no ar e sem explicação. Com um final nem um pouco convencional, muito menos “bonito”, o filme agrada ao fugir um pouco dos padrões Hollywoodianos e é um bom programa para quem quer divertimento sem compromisso.
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