Publicado: Quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Voto: direito ou dever?
Jovens de Itu representam 17% do eleitorado.
Guilherme MartinsPor Guilherme Martins
O voto, quando consciente, é a melhor demonstração de cidadania e politização que pode existir. O assunto eleições é muito abrangente, e está em constante mudança, não só devido aos candidatos eleitos, como na freqüente renovação dos eleitores. Essa reciclagem de votantes também pode ser atribuída aos jovens que exercerão pela primeira vez o direito ao voto.
De acordo com o Cartório Eleitoral de Itu, nesse ano, entre os jovens de 18 a 24 anos, o número de eleitores é de 17.999 (sendo 9.100 mulheres e 8.899 homens). Estes representam aproximadamente 17% de todo o eleitorado da cidade, que é de 107.055 votantes. Um número consideravelmente alto.
Em comparação com o ano passado, houve um aumento de 11,4% no número de eleitores em Itu. Parte desse dado pode ser atribuída aos jovens eleitores que completaram 18 anos, idade em que o voto começa a ser obrigatório, e tiveram que tirar o título de eleitor. O estudante Jonathas Lopes é um deles. “Pra ser sincero eu só tirei o título por obrigação, mas estou conscientizado da importância do meu voto e já escolhi meus candidatos”.
Porém, como o voto é obrigatório no Brasil, nem sempre os jovens que tiraram o título têm a mesma convicção de Jonathas em participar do processo eleitoral. O Doutor em Sociologia Política João José de Oliveira Negrão explica que, muitas vezes, o fator da obrigatoriedade acaba agregando jovens que não gostariam nem estariam interessados em votar, porém eles não correspondem à maioria. “A participação e o voluntariado são próprios da juventude, sendo assim, os jovens alienados e desinteressados correspondem apenas a uma pequena parcela, não podendo lhes ser atribuído nenhuma piora no quadro político”, explica o sociólogo.
O voto como opção: os jovens de 16 e 17 anos
Em Itu, o número de jovens com 16 anos que tirou o título em 2008 é de 511 (sendo 261 mulheres e 250 homens). Já o número de eleitores com 17 anos, é de 1.100 (590 mulheres e 510 homens). No total, eles representam 1,5% de todo o eleitorado.
Para os idosos acima de 70 anos e jovens de 16 e 17 anos o voto é facultativo, ou seja, eles não têm o dever de votar, apenas o direito. Logo, os cidadãos dessas faixas etárias que optam pelo voto, mostram-se engajados e politizados.
A estudante ituana Rafaela Maria da Silva, de 17 anos, resolveu se antecipar e tirar seu título de eleitor já que sempre quis votar. “Eu acho o voto muito importante e é de jovem que se aprende a ter consciência”, justifica Rafaela.
É o mesmo caso de Priscila Gonçalves, também com 17 anos, que aproveitou para tirar o título enquanto estava de férias. Ela apóia e aconselha os jovens a tirarem o título mais cedo. “É bom tirar o título antes, porque desde cedo nós já começamos a ter uma grande responsabilidade, portanto o voto sempre tem que ser responsável”, indica Priscila.
Por outro lado, as adolescentes Paola Regina de Paula e Jéssica Mariana, ambas de 17 anos, preferiram não tirar o título de eleitor enquanto não completassem a idade obrigatória. “Acho muito importante que o adolescente se interesse por política, mas ainda não quero essa responsabilidade pra mim”, conta Paola.
Muitos jovens não tiram o título por não terem um representante político que atenda aos seus interesses ou por acharem que não haverá uma mudança significativa na política. Então, ao invés de tirar o título para votar em qualquer um, eles simplesmente fazem a opção de não votar. É o caso da estudante Aline Cristina, de 16 anos, que ainda não tem vontade de tirar o título. “Acho muito importante, mas não tem nenhum candidato que eu ache que fará alguma coisa certa”, desabafa. Priscila já tirou o título, mas também partilha da mesma opinião. “Por mais que eu seja politicamente engajada, acredito que apenas o meu voto não fará a diferença”, declara.
Porém, de acordo com o sociólogo Negrão, todos têm participação no panorama político e, de alguma forma, até aqueles que se abstêm ao voto, acabam interferindo nas eleições. “Quem deixa de votar, não participa das decisões políticas, que dizem respeito a todos, mas ainda assim é vinculado às eleições”, afirma.
Voto facultativo no Brasil: queda de 20%
De acordo com uma matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo, do dia 29 de agosto de 2008, o número de jovens que tiraram o título de eleitor na idade facultativa teve uma queda de 20% em comparação com o último pleito municipal em 2004.
No dia 05 de outubro, as urnas receberão 2,9 milhões de eleitores com 16 ou 17 anos. Há quatro anos, eram 3,6 milhões de adolescentes. Até então, a eleição municipal com menor número de participação dos jovens era a de 1992, (com 3,2 milhões) a terceira depois da aprovação do voto a menores de idade.
Os dados publicados também indicam que o desinteresse é maior nos Estados do Sudeste, já que no Nordeste a proporção dobra. No Maranhão, os adolescentes somam neste ano 4,3% do eleitorado, enquanto nos Estados do Sudeste são 1,5%. E a cidade de São Paulo tem menos da metade do número de jovens eleitores de Pernambuco, que tem menos habitante.
Leia também artigos publicados no itu.com.br sobre eleições e política:
> Domingo será a eleição... E eu com isso?, por Alan Dubner
> Carta por Ocasião das Eleições Municipais 2008, por Dom Gil
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