Claudio Maffei: Porto Feliz & PCHs - nossa gente faz história!
Prefeito opina sobre a possível PCH no município.
Deborah DubnerNasci em maio de 1966, vivi toda minha infância e adolescência no Parque das Monções em Porto Feliz – SP, para a criançada o nome do local era Gruta.
A rua da minha casa (local que voltei a residir após a morte do meu pai em 2006) era chamada de “Bequinho da Gruta” pela molecada que jogava bola no campinho da cadeia (hoje Guarda Civil Municipal).
Também na Gruta, digo, Parque das Monções, vi dar os primeiros passos meu filho Luiz Otávio.
Li muitos livros à sombra do Paredão Rochoso de Araritaguaba. Alguns fundamentais para minha vida no magistério. Lembro-me de ter lido Deuses, Túmulos e Sábios de W. Ceram, lá na Gruta. Sonho em passar minha velhice fazendo o mesmo nos bancos do parque em frente do Rio Tietê, guardando as sementinhas de paineiras e as replantando naquele solo sagrado. Minha filha Luiza Jonadyr, hoje com seis anos, brinca com sua cachorra Pepita no Parque das Monções.
Em 2010 viajei para Lourdes, na França, para conhecer pessoalmente a gruta onde ocorreu a aparição de Nossa Senhora de Lourdes à Santa Bernardete, exatamente para fazer a nossa réplica da gruta de Lourdes do Parque das Monções ficar realmente parecida com a francesa, para tanto, fizemos uma revitalização no nosso parque.
Não foram poucas as vezes que coletei água do Rio Tietê no Porto do Parque das Monções para o grupo SOS Mata Atlântica e a mala de reagentes ficava guardada em minha casa.
Em 1986 comecei a estudar história em Sorocaba-SP, hoje, embora esteja prefeito, sou professor de História. A História é minha profissão. Em 1986, quando estudante, militei no movimento ecológico contra a instalação de um reator nuclear em Aramar em Iperó, comecei, aí, minha militância política, que me levou a filiar no PT e a fundar o PT em Porto Feliz em 1987, onde acabei sendo vereador e hoje prefeito. Logo antes de ser de esquerda, antes de ser petista fui e sou ecologista.
Qual o motivo desta apresentação inicial? É para tranqüilizar àqueles que estão preocupados com a instalação das Pequenas Usinas Hidreléticas (PCHs) tanto em Porto Feliz quanto em Tietê.
Primeiro: é claro, que sob hipótese nenhuma, eu, Cláudio Maffei, que vivo sobre o Parque das Monções, quase como fosse o quintal da minha casa, poderia aceitar qualquer ameaça ao patrimônio histórico/geológico/religioso do município que nasci, e que me deu a honra de ser seu atual gestor.
Segundo: Existe no Comitê de Bacias uma discussão sobre essa questão que foi levantada na reunião do Comitê de Bacias em Porto Feliz e depois foi feito também em nossa cidade uma reunião intercamaras sobre o assunto que, sem sombras de dúvidas, permanecerá por muito tempo na pauta de discussão do comitê e de outros órgãos e entidades.
Terceiro: qual é minha posição enquanto prefeito e cidadão de Porto Feliz?
Desde a reunião no Comitê de Bacias deixei claro que embora haja um processo pedindo a certidão de uso e ocupação do solo para a PCH Porto Feliz, nossos técnicos tem mantido o processo em análise para maiores estudos de impacto. E é claro, se tiver qualquer impacto negativo sobre o Avecuia (Nosso Manacial de abastecimento) ou sobre o Parque das Monções não permitirei que seja expedida uma certidão favorável a tal empreendimento. Reafirmei a posição na reunião intercamaras técnicas do Comitê de Bacias, que também foi realizada aqui na Terra das Monções, organizada e com espaço cedido pela prefeitura municipal. Minha posição sempre foi clara sobre a necessidade de estudos sobre os projetos de PCHs.
Sendo assim, no início deste ano recebi os empresários da Msul que deixaram um cd com os projetos básicos feitos para a Aneel (Agencia Nacional de Energia Elétrica) e posteriormente abriram um processo prefeitura, que está em nosso setor de projetos aguardando novas analises e pareceres de orgãos superiores e é obvio que se esses pareceres colocarem qualquer perigo ao Parque das Monções ou ao Avecuia nós também iremos emitir parecer desfavorável e se precisar entraremos até judicialmente contra o empreendimento. O que não explicam é que a Cetesb pediu para a empresa Msul apresentar estudos que demonstrem o impacto tanto ambiental quanto de patrimônio que servirá como base para posteriores tomadas de decisões tanto dos órgãos municipais quanto dos orgãos estaduais.
E porque temos que ser cautelosos quanto aos estudos destes projetos? Ao mesmo tempo que temos questões ambientais e patrimoniais para zelar, também se rejeitarmos o projeto sem nenhum estudo mais aprofundado poderemos estar levando nossa região e até nosso estado a não contar com um importante empreendimento que é, não só a geração de energia, mas também a Hidrovia Tietê-Paraná. Essa é a razão de eu ter proposto mais debates sobre o assunto, para não fazermos terrorismo antecipado.
Pois é claro que qualquer Porto-felicense fica aterrorizado em falar que o Parque das Monções será inundado, mas isso não está demonstrado em lugar nenhum e eu serei o primeiro a estar alerta a respeito deste tema.
Qual porto-felicense não conhece a luta que fizemos para impedir a vinda de um presídio para Porto Feliz?
Por isso gostaria de tranquilizar o povo de Porto Feliz, povo que tanto amo e as pessoas da região que se houver qualquer ameaça para nosso patrimonio, tanto natural quanto histórico, serei o primeiro a lutar contra tal perigo, mas sempre com responsabilidade que me compete no cargo que o povo de Porto Feliz me deu a honra de estar.