Não queimem a imagem do Brasil
Por Edivaldo Del Grande.
Jéssica Ferrari
As críticas de algumas autoridades europeias sobre as queimadas na Amazônia são cortina de fumaça para o que chamamos de reserva de mercado. O Brasil é campeão em produção e produtividade na agropecuária. Nossa eficiência é tão espetacular que, em apenas 8% do território nacional, nossas lavouras produzem alimentos para toda a população brasileira e ainda exportamos para 200 países.
Os alimentos saem daqui com o “carimbo” da sustentabilidade. Além de práticas conservacionistas, como plantio direto na palha, rotação de culturas e curvas de nível, temos e preservamos a maior cobertura vegetal nativa dos trópicos: 66% do nosso imenso território está intacto, com florestas originais. Sendo que, desse total, 26% está bem cuidado dentro de propriedades agrícolas. Nenhum outro setor doa tamanha riqueza, o equivalente a 3 trilhões de reais, pelo meio ambiente.
No entanto, muita gente vem pegando carona em conversa pra boi dormir. Na verdade, são estratégias combinadas de lideranças de países que temem a força do agro brasileiro, pressionadas por protestos de agricultores locais, como os que têm ocorrido na França. Estamos na marca do pênalti para colocar em prática um acordo comercial com a União Europeia que vai alavancar as exportações do nosso agronegócio, trazendo divisas, empregos, renda e benefícios socioeconômicos para a população brasileira e dos outros países do Mercosul. Agora, os gringos vêm com essa para melar um negócio construído, a duras penas, durante 20 anos. Ingenuidade pensarmos que eles estão apenas preocupados com as árvores, os bichinhos ou o ar do mundo.
Temos, sim, dificuldades enormes com as queimadas, recorrentes anos após ano – assim como acontece em outros tantos países –, e também com desmatamentos criminosos. Somos um país continental. Tudo no Brasil é de enormes proporções. Como bom sinal, vimos que o governo anunciou tolerância zero aos desmatamentos ilegais e acaba de colocar o efetivo das Forças Armadas para ajudar na fiscalização e na contenção do fogo. E parece que a ficha começa a cair entre os líderes dos países mais desenvolvidos; começam a perceber que críticas não resolvem o problema e passam a estender a mão.
Assim deveria ser também entre nós, os brasileiros mortais. Precisamos compreender que visões ideológicas ou paixões exacerbadas só atrapalham em determinados momentos. Por mais que não se aceite certas posições do governo, de que adianta espalharmos o pânico contra o nosso próprio país, atrapalhando o desenvolvimento e a melhoria de vida do nosso povo? Deveríamos ser mais patriotas, independentemente dos governos. Somos brasileiros; penso que temos vontade de ver um Brasil melhor para nós e para os nossos descendentes.
De nossa parte, queremos contribuir mais para essa importante missão de preservar as florestas do Brasil, não só a Amazônia. Mas não apenas com críticas. Somos 1.600 cooperativas agropecuárias e 1 milhão de produtores rurais cooperados no país. Somos exemplo em práticas de responsabilidade socioambiental e, de agora em diante, vamos fazer uma campanha para que nossos cooperados também fiscalizem e denunciem os crimes ambientais. Temos que deixar de lado o blá, blá, blá para pensar e agir pelo bem maior do Brasil e dos brasileiros.
Edivaldo Del Grande é presidente da OCESP (Organização das Cooperativas do Estado de SP).