Opinião

Publicado: Segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Os danos ambientais do desperdício de alimentos

Por João Barossi.

Os danos ambientais do desperdício de alimentos

Novo relatório sobre mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) revela que o desperdício de alimentos gera de 8% a 10% do volume total de gases de efeito estufa produzidos por seres humanos. Se compararmos o volume associado ao problema com a dos países, ele representaria o terceiro maior emissor global, depois de China e Estados Unidos.

O estudo demonstra, portanto, que o desperdício anual de 1,3 bilhão de toneladas, quase um terço do total produzido, não afeta apenas a segurança alimentar, o que já seria suficientemente grave. Prejudica, também, o meio ambiente e agrava os fatores causadores das mudanças climáticas. Um dos dados do trabalho permite dimensionar bem a questão: 38% dos recursos energéticos consumidos pelo sistema alimentar global são utilizados para produzir alimentos perdidos ou desperdiçados. Além disso, quase 30% das terras agrícolas do Planeta são usadas para produzir alimentos que nunca serão consumidos, representando uma área semelhante à do total do continente antártico.

O estudo da FAO observa, ainda, que a prevenção da perda de alimentos pode contribuir para reduzir as emissões do setor agrícola, diminuindo a pressão sobre os recursos naturais e evitando a necessidade de converter terras e expandir a fronteira agrícola. Assim, depreende-se que todos os esforços devem ser feitos no sentido de reduzir o desperdício, desde a colheita até a mesa do consumidor final.

Um dos momentos mais sensíveis da cadeia de abastecimento no tocante ao desperdício dá-se pelo obsoletismo dos entrepostos de comercialização e distribuição dos produtos, associado à logística e transportes ineficientes. O Novo Entreposto de São Paulo (NESP), que será implantado no bairro de Perus, na Capital, corrige esses problemas, pois será um dos mais modernos do mundo, a começar pelo Sistema de Logística Integrada. Todos os boxes estarão conectados a uma central, que gerenciará a entrada e saída de produtos, de maneira ágil, prática e eficiente.

Outros avanços são referentes aos Sistemas Integrados de Identificação e a Central de Caixas (rastreabilidade, higienização, padronização). O Big Data também estará presente no NESP. Com o cruzamento dos dados, será possível encontrar diversas soluções e alternativas logísticas. Haverá, ainda, uma plataforma de e-commerce, inclusive com aplicativos, e um sistema de pregão eletrônico exclusivo para compras de órgãos públicos. No tocante à infraestrutura, o NESP intensificará o uso de energias renováveis e contará com estações próprias para tratamento de água e esgotos. Os boxes terão controle total sobre os gastos de água e luz, por meio de painéis computadorizados, que realizam medições do consumo em tempo real, podendo, inclusive, controlar o quanto se quer gastar.

Considerando a gravidade apontada pelo novo estudo da FAO quanto à ameaça ambiental representada pelo desperdício de alimentos, São Paulo está prestes a se tornar um modelo de sustentabilidade na área do abastecimento de hortifrutigranjeiros e pescados, quando entrar em operação o novo entreposto em Perus.


João Barossi
é Diretor do Novo Entreposto de São Paulo (NESP).

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