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Publicado: Quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Pesquisa comprova a biodiversidade do Parque das Monções

Ocupação de ninhos artificiais foi foco de estudo.

Crédito: arquivo Daniele Janina Moreno Pesquisa comprova a biodiversidade do Parque das Monções
Estudante de biologia, Daniele, na colocação dos ninhos artificiais no Parque das Monções

Por Gustavo Moreno

A biodiversidade floresce nos espaços mais inusitados. Um trabalho de pesquisa e observação no Parque das Monções em Porto Feliz mostra o potencial de turismo ambiental do local, por mais que ele esteja integrado com o espaço urbano. Diferente do que muitos pensam, não é preciso percorrer quilômetros de mata densa para encontrar uma grande variedade de animais.

De fácil acesso, pelo centro da cidade, o parque é aberto aos turistas e moradores, das 7 às 19 horas, e seu entorno é bastante movimentado. Essa agitação urbana, somada à poluição que ainda é presente no rio Tietê, parecia impedir muitas espécies de se aventurarem, chegando mais próximo ao local.

Uma pesquisa de iniciação científica, conduzida pela aluna do curso de Biologia pela PUC São Paulo, Daniele Janina Moreno, comprovou que a Gruta, como o parque é comumente conhecido, ainda comporta muitas espécies de aves residentes ou migratórias. Algumas delas podem utilizar a mata para construir seus ninhos para reprodução, enquanto outras, apenas para descanso. Tudo, num espaço relativamente reduzido, de aproximadamente um quilômetro de comprimento.

Ninhos artificiais
 

Pesquisa comprova a biodiversidade do Parque das Monções

O trabalho consiste na instalação e acompanhamento de 18 ninhos artificiais de madeira, a fim de observar prováveis ocupações, principalmente, por aves. O que pode ser analisado nesse experimento é a possibilidade de interesse ou demanda das espécies por novos espaços para reprodução, por exemplo.

Em quase um ano, foram registradas duas ocupações por corruíras (Troglodytes musculus), uma ave de pequeno porte que pode utilizar cavidades, além de outros locais, para fazer seus ninhos. No interior das caixas, foram encontrados os ninhos montados, ovos eclodidos e vestígios de penas, que comprovam essa ocupação.

Outras quatro caixas continham evidências de uma suposta invasão por mamíferos; outras duas apresentavam criação de colmeia de abelhas e as restantes foram destruídas por motivos desconhecidos ou não houve nenhum tipo de intervenção até o momento.

Com isso, podemos observar que um espaço pequeno pode ser muito concorrido. “Os ninhos artificiais podem diminuir a competição entre os próprios animais que dependem de cavidades naturais em árvores para se reproduzirem, ou que os utilizam como esconderijo”, explica Daniele.

Segundo ela, a técnica já é utilizada em alguns lugares preocupados em recuperar espécies em extinção, por causa do desmatamento. “Isso ajuda no enriquecimento ambiental do espaço verde”, completa.

Ponto de observação
 

Pesquisa comprova a biodiversidade do Parque das Monções

O Parque das Monções pode ser considerado uma área de transição entre os biomas de Mata Atlântica e Cerrado. Sendo pequeno e estando dentro de uma área urbana, o local apresenta espécies residentes ou migratórias.

Podemos nos surpreender com a biodiversidade de um espaço como o da Gruta. Segundo a estudante, em uma trilha de terra, de mais ou menos um quilômetro, ela pôde ver aproximadamente 100 espécies diferentes de aves, ao longo da pesquisa.

Além das aves, houve registros também de répteis como lagartos e cágados, além de mamíferos como o gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), a capivara, vestígios de tatus entre outros.

Com esse potencial, o local poderia ser um ponto de observação de aves. “O que mais encontramos aqui são elas”, conta a futura bióloga que já pôde ver esse interesse em pessoas de outras cidades.

Uma vez ela publicou fotos com espécies encontradas no parque num site especializado. Semanas depois, dois observadores e fotógrafos de aves de Sorocaba vieram até o município para também tentarem um registro das espécies. “A maioria das espécies é mais ativa no período da manhã e no entardecer. Um binóculo é mais do que o suficiente”, diz Daniele.

Para aguçar os observadores de aves, a estudante cita algumas das espécies que podem ser registradas. São elas: a pipira-vermelha (Ramphocelus carbo); o choró-boi (Taraba major); o barbudo-rajado (Malacoptila striata) e o jacu (Penelope obscura). Este último, ela alerta ser mais difícil, mas que outras pessoas já conseguiram observar.

Veja abaixo uma galeria com fotos registradas pela estudante:

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