Bem estar

Publicado: Sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Câncer de Intestino: o terceiro tipo mais comum no mundo

Confira a entrevista exclusiva com a especialista Nádia Ricci

Crédito: Arquivo pessoal Câncer de Intestino: o terceiro tipo mais comum no mundo
Itu.com.br entrevistou, com exclusividade, a Dra. Nádia Ricci Guilger

Por Camila Bertolazzi

Estilo de vida é a palavra chave para o desenvolvimento do câncer de intestino, pois a mistura da dieta inadequada, alcoolismo, tabagismo, obesidade e inatividade física podem levar ao terceiro tipo de câncer mais comum no mundo.

Segundo relatório divulgado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), o número de casos de câncer de cólon e reto estimado para o Brasil no ano de 2010 foi de 13.310 em homens e de 14.800 em mulheres. Estes valores correspondem a um risco estimado de 14 casos novos a cada 100 mil homens e 15 para cada 100 mil mulheres.

O câncer colorretal tem início no cólon ou reto, órgãos do sistema digestivo, onde os alimentos são processados para gerar energia e os resíduos são eliminados. Ele é tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos.

Confira a entrevista exclusiva com a coloproctologista Nádia Ricci Guilger, e acompanhe a série “A missão de transformar a realidade do câncer no Brasil”!

Quem faz parte do grupo de risco?

Qualquer pessoa a partir dos 50 anos de idade; pessoas que já tiveram pólipos, câncer de intestino ou ginecológico (mama, ovário e útero) ou com parentes que tiveram essas doenças; pessoas com diagnóstico de colites, especialmente retocolite ulcerativa ou doença de Crohn. Se você tem dois parentes de primeiro grau em sua família que tiveram câncer de intestino, seu risco é aumentado comparado à população geral e a prevenção deve se iniciar 10 anos antes da idade em que seu familiar apresentou a doença

Quais os exames utilizados para prevenir o câncer de intestino? Quando se deve fazê-los?

Todas as pessoas devem seguir um programa de prevenção de câncer de intestino a partir dos 50 anos de idade. A partir dessa idade é necessário repetir todo ano o exame de pesquisa de sangue oculto nas fezes, que pode ser pedido por qualquer médico. Se o resultado for positivo, é necessário retornar ao médico que pediu a realização do exame ou a um especialista indicado por ele. Se você tem algum parente que já teve câncer de intestino ou ginecológico, deve iniciar a prevenção a partir dos 40 anos de idade. Nesse caso, o seu médico terá que decidir qual o melhor exame para você.

Qual é a relação do câncer de intestino com alimentação saudável?

Além da predisposição hereditária, a dieta rica em gorduras e pobre em fibras, a ingestão frequente de álcool e de alimentos contendo substâncias químicas em excesso, como conservantes e corantes artificiais, bem como alguns hábitos, como o fumo, facilitam o aparecimento do câncer de intestino. Sedentarismo e obesidade também aumentam o risco de se ter câncer de intestino. Quase sempre o câncer de intestino começa como um pólipo que nasce na parede do intestino e que pode se transformar em câncer com o passar do tempo. Daí a importância de sua descoberta em fase inicial, ou seja, de sua detecção precoce.

Quais são os sintomas?

Os sintomas, que geralmente só aparecem quando o câncer já está mais desenvolvido, são:
Sangramento pelo ânus;
Presença de sangue nas fezes;
Mudança do hábito intestinal, ou seja, diarréia ou prisão de ventre de início recente;
Vontade frequente de ir ao banheiro, com sensação de evacuação incompleta;
Cansaço, fraqueza e anemia;
Dor ou desconforto abdominal;
Perda de peso sem causa aparente.

O constrangimento ainda é um problema no combate ao câncer de intestino?

De um modo geral as pessoas têm grande constrangimento de relatar sintomas relacionados ao canal anal e à evacuação o que faz com que, em geral, procurem ajuda médica quando a doença está muito avançada, o que por vezes impossibilita o tratamento curativo do câncer além de provocar grande prejuízo na qualidade de vida durante os anos de sofrimento com a sintomatologia.

Como é feito o tratamento?

Os pacientes que apresentam câncer de reto, em geral, necessitam realizar um tratamento com radioterapia antes da cirurgia e podem apresentar algumas alterações na saúde sexual que devem ser informadas ao seu médico para que o mesmo possa promover melhora da qualidade de vida do paciente.

Após o tratamento, há restrições ao paciente?

O tratamento do câncer do intestino pode proporcionar algumas alterações que podem precisar de acompanhamento no pós-operatório buscando melhor qualidade de vida. Os pacientes podem mudar o padrão de evacuação, com fezes amolecidas e maior número de evacuações após a ressecção intestinal, alguns pacientes podem ter dificuldade de realizar o controle voluntário da eliminação de gás e fezes e outros podem apresentar disfunções sexuais como ejaculação retrógrada ou dispareunia (dor à relação sexual). Nesse momento gostaria de lembrar que disfunções sexuais também são problemas de saúde e que muitas vezes, também por constrangimento, deixam de ser procurada ajuda médica especializada para ajudar a resolução desses problemas.

Algumas cirurgias intestinais necessitam do uso de estomas, conhecidas popularmente como “bolsinhas do intestino”. Trata-se de colocar uma porção da alça intestinal para fora da barriga, em geral exteriorizada na região abdominal, por onde então se passa a ocorrer as eliminações do intestino. Em geral os cuidados são realizados por equipe multidisciplinar que inclui uma enfermeira especializada em estomatoterapia, psicólogo, nutricionista e o médico.

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