Oito bandas marcam abertura nos palcos principais do SWU
Guilherme Martins / www.itu.com.br |
Rodrigo Amarante (banda Los Hermanos) |
Por Renan Pereira
A festa começou cedo no primeiro dia de festival na Arena Maeda. Quem saiu de casa (ou viajou por longas horas) para participar da grande celebração, provavelmente não se arrependeu. Foram várias horas de som e oito bandas nos palcos principais: Brothers of Brazil, Macaco Bong, Mutantes, The Mars Volta, Black Drawing Chalks, Infectious Grooves, Los Hermanos e Rage Against the Machine.
De um modo geral, o festival recebeu grande aprovação por parte do público - salvo algumas escorregadas da organização. Logo na entrada, por exemplo, muita gente teve que esperar horas na fila por problemas com a a pulseira de acesso. Assim como o senador Suplicy, não chegamos a tempo de assistir a apresentação completa do Brothers of Brazil - banda composta pelos irmãos Supla e João Suplicy. Porém, o pouco que vimos foi agradável. Tocando para um público ainda tímido na Arena, os irmãos botaram a galera para dançar, principalmente, ao som dos antigos clássicos, que marcaram a trajetória dos músicos.
A segunda banda do dia chegou para demolir tudo e mostrar porque é uma das principais promessas da cena alternativa no Brasil. Os relógios marcavam pontualmente 16h20 quando os caras do Black Drawing Chalks subiram ao palco e testaram os seus primeiros acordes sujos. Com um peso fora do comum, o grupo foi beneficiado com a boa estrutura musical oferecida pelo festival.
De quando em quando, o estridente baixo de Denis de Castro, aliado à distorção infernal das guitarras, parecia estourar as caixas de som. Eu já tinha visto eles tocarem em Sorocaba, mas confesso que desta vez o quarteto de Goiânia me surpreendeu muito ao fazer o segundo melhor show do dia - ficando atrás apenas do RATM. Destaque para as músicas My Favorite Way e Big Deal, que agitaram muito o público.
Poucos minutos depois outra bela surpresa. O Macaco Bong, de Cuiabá (Mato Grosso), mostrou que sabe fazer muito bem ao vivo aquilo que fazem em estúdio. O público era numeroso quando a banda subiu ao palco e deu início à algazarra. Contando com apenas três integrantes, o som instrumental do Macaco Bong é marcado pela técnica de seus músicos e pela forte pegada dos instrumentistas. E bota pegada nisso: quem escuta o som sem olhar para o palco aposta que tem várias pessoas lá em cima.
Sem fazer muita cerimônia, os membros do Infectious Grooves já se ajeitavam no palco paralelo. Apesar de não ser a minha praia, tenho que reconhecer que o funk metal do grupo é bem executado. A apresentação começou agitada e terminou... agitada. Se existe uma palavra que representa bem o grupo essa palavra é Energia. Logo que começou o som pude notar um número expressivo de fãs da banda dando "mosh" com as suas camisetas do Suicidal Tendencies - antigo grupo do vocalista Mike Muir.
Os próximos foram os Mutantes. Infelizmente só pude assistir um pequeno trecho do show - mas foi o suficiente para dizer que os caras continuam com um fôlego fora do comum. Acompanhados da cantora Bia Mendes, Sérgio Dias e companhia fizeram bonito e trouxeram à tona os clássicos da banda: A Minha Menina e Baby foram alguns dos destaques. O show contou ainda com algumas músicas do álbum Haih Or Amortecedor - que tem previsão de lançamento para o mês que vem.
A noite fria chegava e junto com ela a volta inédita do Los Hermanos. "Ficamos sabendo que rolou uma votação e que nós fomos os escolhidos para tocar aqui hoje. E é por isso que aqui estamos", disse o integrante Rodrigo Amarante. Esta foi a segunda vez que presenciei um show deles. É interessante notar o fanatismo dos fãs, que cantam suas músicas do início ao fim show. Em outras palavras, eu diria que eles conquistaram status de banda internacional por aqui. Mesmo as canções mais alternativas do grupo são sempre embaladas por um imenso coro que parece não ter fim. Nem mesmo o frio de 14ºC foi suficiente para impedir o ânimo do público. "Já deixei assistir eles uma vez em São Paulo; e depois disso a banda acabou. Prometi para mim mesma que se um dia eles voltassem a se reunir por aqui eu não perderia por nada neste mundo", explicou Alessandra Busques, de Piracicaba.
Noite encerrada em grande estilo
A noite foi encerrada com duas grandes apresentações: The Mars Volta e Rage Against the Machine. A primeira foi, sem dúvidas, uma das bandas que mais de destacou no evento. Com uma performance original e beirando as portas da psicodelia, o Mars Volta empolgou com o seu visual sombrio. Apesar da apresentação emblemática, este foi talvez o único momento que consegui assistir a um show e respirar ao mesmo tempo - já que a massa já disputava vaga nas gradinhas do palco em que se apresentaria o Rage Against the Machine.
Comandado pelos belos vocais de Cedric, o prog experimental do Volta foi aplaudido por vários minutos ao final da apresentação. Pouco tempo depois subia ao palco uma das atrações mais esperadas do ano: o Rage Against the Machine - grupo norte-americano que mescla rock e hip-hop, nas letras e no som. Tocando pela primeira na América Latina, nem mesmo as mancadas da organização foram suficientes para estragar o brilho natural do quarteto. Testify, uma verdadeira porrada nos tímpanos do ouvinte, abriu o repertório e aguçou o sentido dos mais revolucionários. O público, empolgado por ver de perto os ídolos pela primeira vez, cantou aos berros todas as músicas do grupo.
O show foi interrompido pela organização por duas vezes por causa do tumulto organizado pelos fãs do grupo. Em outro momento, o retorno do público foi cortado por duas vezes (na mesma música), gerando protestos por parte dos fãs. A noite, enfim, foi encerrada com o clássico da geração protestante: Killing the Name. Precisa dizer mais?