Luis Fernando Del Rio
O grupo de Getúlio Vargas sobe ao poder devido à conhecida revolução de 30 e instaura um governo provisório. Até 1934, quando haverá eleições, ocorre uma disputa política que envolve vários setores da sociedade no Brasil, em São Paulo e em Itu.
Nesse contexto temos em Itu a figura de Ermelindo Maffei, advogado de formação, que se posicionará politicamente escrevendo para o jornal ituano, “O PROGRESSO”, este, que teve na cidade, grande influência intelectual e engajamento político durante a década de 1930.
Os argumentos de Maffei, em tais publicações, vão ao encontro do movimento operário e a luta sindical na cidade. Em tal período já se tem o Sindicato dos Operários Têxteis de Itu“, onde estão filiados operários das fábricas São Pedro e São Luis.
Torna-se elementar o fato de Maffei escrever para um jornal ituano denominado “O Progresso”. A intenção posta em seus artigos demonstra preocupações fundamentais com relação ao futuro da sociedade e a inserção, de certa forma, do operariado nas decisões políticas.
Seguindo fundamentos advindos do Marxismo, Maffei explica a História como um processo de transformações. O revolucionário vai contra posições reacionárias, e disso ocorrem mudanças estruturais na sociedade. É favorável à luta do coletivo ante o individual, este que, de fato, é uma característica do Capitalismo.
A disputa política corrente no país, em tal período, demonstra um painel interessante de possibilidades de mudança, em que o “velho e arcaico” tenta articular formas de manter-se ante o novo, que, para Maffei está representado no governo de Getúlio Vargas. O arcaico em questão é o Partido Republicano Paulista (PRP), que Maffei não hesitará em desmistificar e denunciar, um partido que, após a derrota na Revolução de 30, tentará voltar ao poder nas eleições de 1934.
O PRP sofre uma cisão, uma parcela desse partido alia-se ao Partido Constitucionalista, favorável aos revolucionários. O fato é denunciado por Maffei como sendo uma manobra política para manutenção do poder peerrepista, pois não os interessa estar longe das decisões a serem tomadas.
As denúncias ao PRP estarão durante todo o ano de 1934 em seus artigos no “O Progresso”, citará fraudes eleitorais, subornos e outras atitudes, para ele arcaicas, do partido que esteve no poder durante a chamada Primeira República.
A posição política de um homem como Ermelindo Maffei, deve ser pensada dentro do contexto histórico em que o sujeito está inserido. Sendo ele um crítico do Capitalismo e favorável aos oprimidos por este modo de produção, o PRP passa a representar o contraponto de uma sociedade por ele idealizada. É uma política feita por plutocratas que visam o benefício de uma classe ante a espoliação de outra.
Maffei acredita estar, na década de 1930, em um momento de mudança das estruturas postas, as questões operária e sindical lhe aparecem como realidade para um futuro próximo. Julga o século XX como sendo do Operariado.
Todos os artigos escritos por ele no jornal em questão, podendo tratar de assuntos aparentemente desconexos e aleatórios, são manifestos de crítica à opressão sofrida por classes desfavorecidas política e economicamente. O sentido de luta de classes permeia, sua escrita eloqüente e com causa justa.
O caso ituano torna-se fundamental para que Maffei decida seu posicionamento político, sendo que na cidade, o PRP está no mando das indústrias têxteis, que usam de atitudes repressoras com relação aos operários e ao sindicato, o que ajuda a inviabilizar a organização dos trabalhadores das fábricas ituanas por meio de luta sindical.
Getúlio Vargas é eleito, e Maffei importa-se mais com quem perdeu do que quem ganhou as eleições. A questão não foi ser getulista, mas sim anti-peerrepista, ele nunca parece ufanista com relação a Getúlio Vargas. Crê que os erros desse, são preferíveis em relação ao PRP. Com relação a Itu, precisa-se fazer um estudo mais aprofundado para discutir a continuidade ou ruptura desse partido na cidade.
O estudo de tais acontecimentos históricos é de grande relevância. O Partido Republicano Paulista nasceu em Itu, e criou raízes na cidade, e a astúcia de Ermelindo Maffei, em fazer denúncias a uma instituição fortemente enraizada em sua cidade, requer atenção.